Representantes de países árabes se reunirão nesta sexta-feira, 21, para iniciar a elaboração de uma estratégia de combate ao projeto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “assumir” o controle da Faixa de Gaza e de expulsar palestinos, sem que tenham o direito de retornar ao enclave no futuro. A informação foi divulgada pelo jornal americano The New York Times. O encontro será realizado em Riad, capital da Arábia Saudita, e antecede a cúpula da Liga Árabe no Egito, prevista para 4 de março.
Numa série de declarações polêmicas, o republicano afirmou que o governo americano planeja tomar o controle de Gaza e forçar o deslocamento de sua população, no que grupos de direitos humanos definiram como uma tentativa de “limpeza étnica”. Além disso, ele planeja deslocar a população local para países árabes, como Jordânia e Egito, e que os EUA permaneçam no controle de Gaza “no longo prazo” para supostamente levar benefícios econômicos e estabilidade à região.
A reunião em Riad, palco de negociações diplomáticas nas guerras na Ucrânia e em Gaza, foi convocada pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e contará com a presença de representantes dos países árabes do Golfo, Egito e Jordânia. A sessão será realizada no “quadro das estreitas relações fraternas que unem os líderes”, de acordo com a agência de notícias estatal saudita SPA.
“Quanto à ação árabe conjunta e às decisões emitidas a respeito dela, estará na pauta da próxima cúpula árabe de emergência que será realizada na irmã República Árabe do Egito”, disse a agência, em referência à cúpula da Liga Árabe, convocada em caráter emergencial devido à situação em Gaza.
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Futuro alternativo para Gaza
Em meio aos planos de Trump, Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos têm trabalhado em um futuro alternativo para Gaza, que incluiria o financiamento e a supervisão desses países na reconstrução do território. Com isso, a população permaneceria no local e um Estado Palestino ainda seria possível, disseram fontes diplomáticas ao The New York Times.
A migração forçada de palestinos de Gaza é considerada por nações árabes como uma limpeza étnica e um crime de guerra, definidos como “violações graves das convenções de Genebra”, que estabeleceram as normas que regem o Direito Internacional, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Egito e Jordânia, em particular, também estão preocupados com os potenciais problemas econômicos, sociais e políticos da entrada massiva de palestinos deslocados em ambos os países, como demanda Trump.
A questão-chave é quem ficará responsável pelo governo da Faixa de Gaza. A proposta egípcia envolveria a criação de um comitê de tecnocratas e líderes comunitários palestinos, sem relação com o grupo radical Hamas, acrescentou o NYT. Até o momento, o Hamas afirmou estar disposto a ceder o controle de questões civis a outro país, mas rejeitam a dissolução da sua ala militar – condição tida como inaceitável para o governo israelense.
Os detalhes dos planos do Egito ainda não foram divulgados, mas o primeiro-ministro do país, Mustafa Madbouly, adiantou nesta quarta-feira, 18, que o Cairo formula uma proposta abrangente para reerguer a Faixa de Gaza. A reconstrução aconteceria em três anos, segundo o jornal estatal egípcio Ahram Online.
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