
O maior apagão da história da Península Ibérica deixou milhões de pessoas às escuras na maior parte de Portugal e da Espanha — atingiu ainda Andorra e um naco do sul da França. A queda de energia, iniciada no fim da manhã da segunda 28, cortou comunicação, interrompeu viagens de trem e cancelou voos em série. Em várias cidades o metrô foi paralisado e semáforos se apagaram, o que se desdobrou em engarrafamentos colossais. Por precaução, uma multidão resolveu estocar mantimentos. Água, comida e papel higiênico sumiram das prateleiras. Em Madri, na Espanha, o único indício de luz vinha dos faróis dos carros. O retorno à normalidade só foi plenamente estabelecido após vinte horas, desencadeando uma onda de especulações em torno das causas do inédito blackout. Ataques cibernéticos, sabotagem do governo russo e a ocorrência de um fenômeno climático raro que teria comprometido as redes de alta tensão foram descartados pelas autoridades. Investigações preliminares apontam para a interrupção da produção de energia na Espanha, que, em efeito cascata, desconectou toda a região do sistema da Comunidade Europeia. Sobraram críticas para o socialista Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, e o social-democrata Luís Montenegro, de Portugal, ambos na mira da oposição em meio a um debate — de nível que deixa a desejar — sobre a transição energética, que divide direita e esquerda. Mesmo com a eletricidade de volta à ativa, não se fez luz ainda na política.
Publicado em VEJA de 2 de maio de 2025, edição nº 2942
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