O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira, 2, um corte de US$ 163 bilhões no orçamento federal de 2026. O plano, divulgado pelo Escritório de Orçamento e Gestão da Casa Branca (OMB, na sigla em inglês), elimina mais de um quinto dos gastos discricionários não obrigatórios — ou seja, todas as despesas federais civis, excluindo defesa e benefícios sociais obrigatórios, como Previdência e Medicare.
De acordo com o OMB, o orçamento reduz em 23% os recursos para áreas como saúde, educação e meio ambiente, levando esse tipo de gasto ao menor nível desde 2017. Ao mesmo tempo, amplia significativamente os investimentos em segurança: os gastos militares subirão 13% e os de segurança interna terão um salto de quase 65% em relação aos níveis de 2025.
Prioridade: enxugar a máquina pública
O plano, apelidado de “skinny budget” (orçamento magro), serve como uma espécie de esboço das prioridades da Casa Branca para orientar os parlamentares republicanos no Congresso, agora sob controle do partido. Com forte influência sobre sua base legislativa, Trump tem chances reais de conseguir aprovar boa parte das mudanças sugeridas.
“Estamos num momento decisivo. Precisamos de um orçamento histórico, que encerre o financiamento do nosso declínio, coloque os americanos em primeiro lugar e ofereça apoio sem precedentes às nossas Forças Armadas e à segurança interna”, afirmou Russ Vought, diretor do OMB, ao divulgar a proposta.
A movimentação ocorre em meio ao crescimento acelerado da dívida pública dos Estados Unidos, que já ultrapassa US$ 36 trilhões. A proposta orçamentária é vista por parte dos conservadores como um esforço necessário para equilibrar as contas. No entanto, economistas alertam que o pacote de cortes pode não ser suficiente para conter o rombo caso o Congresso também aprove a extensão dos cortes de impostos aprovados em 2017 — uma das principais bandeiras de Trump em seu primeiro mandato. Projeções não partidárias estimam que a prorrogação dessas isenções fiscais poderá adicionar US$ 5 trilhões à dívida nacional.
O orçamento da Casa Branca inclui projeções econômicas e propostas detalhadas de quanto cada agência federal poderá gastar no próximo ano fiscal, que começa em 1º de outubro. Em 2024, os gastos totais chegaram a US$ 6,8 trilhões, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso.
Cortes profundos em Estado e Educação
Entre os cortes mais profundos previstos está o do Departamento de Estado, que perderá US$ 50 bilhões com a absorção da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). A Receita Federal (IRS) também deverá sofrer uma redução de US$ 2,49 bilhões — medida que, segundo a Casa Branca, visa encerrar a “militarização da fiscalização” promovida pelo ex-presidente Joe Biden.
A NASA também será afetada, com cortes significativos em seu programa lunar. Já o Departamento de Educação, um dos principais alvos da retórica trumpista, deve ser encolhido de maneira radical. Embora o financiamento para programas destinados a crianças de baixa renda seja mantido, o departamento perderia cerca de 15% do seu orçamento total.
Outro órgão atingido é o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, responsável por políticas de assistência habitacional, que verá seu orçamento reduzido em quase 50%. A medida ameaça programas essenciais para famílias de baixa renda e comunidades vulneráveis em diversas regiões do país.
Injeção nas Forças Armadas e fronteiras
Enquanto o orçamento civil encolhe, os gastos militares e de segurança crescem com vigor. O plano prevê um acréscimo de US$ 500 milhões em verbas discricionárias para fortalecer a segurança nas fronteiras, com foco em deportações em massa, além de US$ 766 milhões para a compra de tecnologias de vigilância e manutenção de 22 mil agentes da Patrulha de Fronteira. A proposta também inclui recursos para ampliar o número de funcionários da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP).
Para os republicanos, as medidas reforçam o compromisso do governo com a proteção nacional e a ordem fiscal. Para os democratas, é uma manobra ideológica que penaliza os mais vulneráveis. “Os dias de Trump fingindo ser um populista acabaram”, disse o senador Chuck Schumer, líder da oposição. “Ele destrói a saúde, a educação e os programas que sustentam a classe média, enquanto financia cortes de impostos para bilionários e grandes corporações.”
Com a pressão de aprovar uma nova rodada de cortes fiscais até o feriado de 4 de julho, os republicanos ainda precisam resolver divisões internas sobre o quanto devem cortar — e onde.
Entre os alvos prioritários da tesoura presidencial está o Departamento de Educação, que, segundo o OMB, deve ser significativamente reduzido ou até extinto, embora o financiamento de programas para crianças de baixa renda seja mantido. A proposta também inclui US$ 500 milhões extras para reforçar a segurança na fronteira e ampliar as deportações, além de US$ 766 milhões para a compra de novas tecnologias de vigilância. Está previsto ainda o orçamento necessário para manter os atuais 22 mil agentes da Patrulha de Fronteira e contratar mais oficiais de imigração.
A proposta foi duramente criticada por democratas. “Os dias de Trump fingindo ser um populista acabaram”, disse o senador Chuck Schumer, líder da oposição no Senado. “Essas medidas são um ataque direto às famílias trabalhadoras. Enquanto ele destrói a saúde, a educação e os programas que sustentam a classe média, financia cortes de impostos para bilionários e grandes corporações.”
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