No estacionamento da Vila Morena, veículos dos anos 70, 80 e 90 chamam atenção de quem passa

Tem gente que compra um motorhome para viajar, outros transformam a estrada em casa, em antídoto para a rotina, em terapia. Para rodar pelo ‘mundão’, Fátima e Sérgio Castaldelli, Luís Noko, e Sérgio Rocha e Martha Queiroz escolheram os clássicos para viverem no estilo sob rodas. Os modelos são relíquias de 1977, 1987 e 1990 e eles contam que viver assim ou aproxima ou acaba com as relações. No caso deles foi a primeira opção.
Aos 63 anos, Fátima e Sérgio usam o motorhome como fuga do dia a dia na cidade de Rosana, interior de São Paulo. Eles vieram a Campo Grande para o 4º Encontro de Motorhomes e Campistas de Mato Grosso do Sul. Fisioterapeuta e professor de educação física aposentados, o casal, que sempre se deu bem, conta que a estrada uniu ainda mais os dois e que começaram a viajar como forma de aliviar a ansiedade.
“Temos a nossa casa, isso é uma segunda, e estamos ficando mais nela do que na fixa. Isso vai viciando a ponto de a gente não conseguir mais ficar na casa fixa. Para mim, que faço tratamento de ansiedade, isso é o maior remédio. Pro casal ou une ou acaba, porque fica 24 horas juntos. A gente sempre se deu bem, mas parece que ficamos ainda mais, nos uniu”, conta Fátima.


Sérgio acrescenta que os eventos servem para fazer amigos e de fato viver coisas novas todos os dias. Para ele, viver solto de amarras diárias é libertador: “Você tem a casa nas costas, pode ir para qualquer lugar. Eu falo que isso é 99% curtir a natureza. A gente participa dos encontros, tem em todo o Brasil”.
O carro chama a atenção primeiro pelo modelo antigo e bem conservado, segundo pela frase fixada na parte da frente do carro: “Gastando a herança dos filhos”. O casal conta que viu a frase em um motorhome há anos e a filha presenteou eles com um quadro escrito a mesma coisa. Sérgio gostou tanto que mandou imprimir para colar no carro.
Dentro do veículo, os móveis são de madeira pura. Há um quarto confortável para duas pessoas, uma área destinada ao vaso sanitário e um lavabo. Na sala e cozinha, metros quadrados que já não são tão diferentes de uma casa pequena. Hoje, o motorhome é essencial para a vida dos dois, e eles só vendem se o comprador estiver disposto a investir.
“Tem oito anos que temos ele. Quando nós fomos comprar, a gente queria levar um modelo mais novo. Então vimos esse na internet e, por ser antigo, nos apaixonamos. Tudo é de madeira de cerejeira. Está muito conservado. Na época pagamos R$ 110 mil, em 2017. Hoje, por menos de R$ 250 ou R$ 300 mil, a gente não vende. Não queremos, mas sempre as pessoas perguntam.”
Por ter pais idosos, o casal não se aventura por longos períodos. Eles contam que o mais longe que conseguiram ir foi para o Espírito Santo. “Eu tenho dois anos de aposentadoria, ela tem sete. A gente sempre gostou de acampar também. A ansiedade começou antes. O próprio trabalho. Aí começamos a brincar com isso e deu certo. O espírito da galera nos encontros é demais”, comenta Sérgio.


Martha Queiroz, de 57 anos, e Sérgio Rocha, 65, têm o modelo clássico daqueles motorhomes vistos nos filmes norte-americanos, de 1990. Aqui, o veículo também é usado como segunda casa e opção de lazer com a família.
O carro cabe perfeitamente umas quatro pessoas. O quarto é amplo, e o sofá da sala pode virar uma cama, segundo eles. No banheiro é o mesmo esquema dos outros: um lado é o sanitário, do outro o box para banho.
Apesar da carcaça antiga, o motorhome precisou ser restaurado, e pouca coisa ficou do projeto original no interior. Apesar disso, por fora, ele ainda continua um veículo à parte.
Sérgio não revela quanto pagou no veículo. De Campo Grande, eles também aproveitaram para levar a casa para passear na Vila Morena, local onde o encontro está sendo realizado até este domingo (4).

“Usamos para viagem. Viajei uma vida inteira, são mais de dez anos na estrada por vários lugares. Já fui para Bahia, Rio Grande do Sul, Nordeste e Minas, e por aí vai. O carro é de 1990, só que ele foi restaurado quase 100% em 2016, mas fiz questão de deixar alguns detalhes que deu para salvar.” O revestimento da cozinha é uma coisa que ficou, de acordo com ele. Sérgio é aposentado, mas Martha trabalha como corretora de imóveis.


Um pouco mais compacto, o motorhome raro Karmann Guia Touring, feito em 1977, é o xodó do servidor público aposentado Luís Noko, de 67 anos. Há quatro anos, ele comprou o carro — que está cotado em R$ 120 mil — e não troca pelos veículos maiores ou pelos apartamentos que são até maiores que o modelo. Para ele, há espaço suficiente para se aventurar ali.
“É o suficiente para um casal viajar tranquilo. No caso, sou eu e minha esposa. Tem tudo o que a gente precisa para viajar. Inclusive água quente. Ele é pequeno, mas, diferente dos apartamentos que também são, a vantagem é poder estar em vários lugares, ter uma casa rodante.”
Apesar de amar o veículo, eles têm casa fixa em Campo Grande. A trajetória de viagens acompanha Luís há 10 anos. Entre os destinos rodados estão Minas Gerais, Nordeste, Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, entre outros.
“Esse carro é raro, a empresa é alemã e parece que fez 16 no Brasil. Se não me engano, esse deve ser o único em Mato Grosso do Sul”.
Confira a galeria de imagens:
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
More Stories
Casal perde R$ 5 mil em golpe após roubo de caminhonete em Ponta Porã
Justiça nega indenização a morador por mau cheiro de estação de esgoto em MS
Yuri Alberto marca três vezes e comanda vitória do Corinthians sobre o Inter – Esportes