O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, deixará oficialmente o cargo nesta terça-feira, 6, em uma cerimônia tradicional das Forças Armadas. Em clima de despedida, o social-democrata será homenageado ao som de três composições que ajudam a contar a história de sua vida pública e pessoal: “In My Life”, dos Beatles, um trecho do Segundo Concerto de Brandemburgo, de Johann Sebastian Bach, e o “hino” do movimento feminista “Respect”, eternizado por Aretha Franklin.
O evento também marca a posse oficial de Friedrich Merz, líder da União Democrata-Cristã (CDU), escolhido nas eleições de fevereiro para liderar o país numa coalizão que inclui o Partido Social-Democrata (SPD), de Scholz, em uma rara aliança entre rivais históricos. Como manda a tradição militar alemã, a troca de comando é acompanhada por desfile e música executada pela banda das Forças Armadas, com repertório definido pelo líder que se despede.
A primeira canção, “In My Life”, dos Beatles, remete aos tempos em que ele foi prefeito de Hamburgo — a cidade portuária que, nos anos 1960, abrigou os primeiros shows da banda britânica em bares e casas noturnas. A escolha também foi interpretada por analistas como uma homenagem velada à esposa do chanceler, Britta Ernst, com quem ele manteve ao longo dos anos uma relação discreta, mas sólida.
A segunda peça é um trecho do Segundo Concerto de Brandemburgo, de Johann Sebastian Bach. Além de representar sua única escolha do repertório clássico, o concerto remete diretamente ao estado onde Scholz vive atualmente. Ele seguirá atuando como deputado por Brandemburgo, no antigo território da Alemanha Oriental, onde foi o único social-democrata a vencer por voto direto em um cenário de avanço da extrema-direita.
Já a escolha que mais repercutiu foi “Respect”, sucesso de 1967 que se tornou símbolo da luta por direitos civis e igualdade de gênero. A palavra “respeito” foi uma das bandeiras centrais da campanha de Scholz em 2021, quando ele prometia um governo mais empático e inclusivo. No entanto, por vezes Scholz traiu essa promessa, com momentos de impaciência e frieza.
Conhecido por seu estilo reservado, Scholz ganhou o apelido de “Scholzomat”, uma mistura entre o seu nome e a palavra “máquina” em alemão, pela forma robótica com que respondia a perguntas da imprensa. Por isso, suas escolhas musicais chamam atenção. “Se ele tivesse aberto seu coração ao país, talvez ainda fosse nosso chanceler”, escreveu o colunista Franz Josef Wagner, no tabloide Bild.
As escolhas musicais dos líderes alemães em suas despedidas já viraram uma tradição à parte. Angela Merkel, por exemplo, surpreendeu ao incluir em sua cerimônia um hit punk de Nina Hagen, uma balada melancólica de Hildegard Knef e um hino ecumênico do século XVII.
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