6 de maio de 2025

Trump escolhe defensor da cloroquina para assumir…

Steven Hatfill, que defendeu sem evidências o uso de cloroquina e hidroxicloroquina, medicamentos contra malária, para tratar Covid-19, foi apontado pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para chefiar a gestão e prevenção de pandemias no Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês).

Segundo reportagem do jornal americano The Washington Post, publicada nesta segunda-feira, 5, o cientista tornou-se recentemente conselheiro especial no gabinete do governo para preparação e resposta estratégica a pandemias e ataques químicos e biológicos.

Apologista da cloroquina

O virologista também fez parte do primeiro governo Trump, durante o qual promoveu a hidroxicloroquina para tratar infecções por coronavírus nos primeiros meses da pandemia, quando vacinas e tratamentos ainda não existiam.

Em 2020, a administração do republicano adotou o uso do remédio contra a malária, juntamente com outros medicamentos como ivermectina, para tratar pacientes com Covid-19, apesar das escassas evidências sobre sua eficácia e possíveis efeitos colaterais graves. O governo Trump aprovou o envio de milhões de doses da droga para americanos no Brasil. Em junho daquele ano, a FDA (a Anvisa americana) alertou contra o uso de hidroxicloroquina e cloroquina contra o coronavírus devido a “relatos de problemas graves de ritmo cardíaco e outras questões de segurança”.

No ano passado, um estudo publicano no Journal of Antimicrobial Agents no início da pandemia, promovendo a hidroxicloroquina para tratar a Covid-19, foi removido da revista científica pela editora. Mesmo assim, em entrevista ao The Washington Post, Hatfill voltou a defender a hidroxicloroquina ao observar que “eles deram o medicamento ao presidente” em 2020, quando Trump contraiu Covid-19.

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Em seu novo cargo, Hatfill disse que “ajudaria a nos preparar para a próxima pandemia” e trabalharia com os cientistas de sua agência para alcançar “conhecimento total da literatura científica, não apenas sobre gripe, gripe aviária ou Covid, mas também sobre outras doenças globais que possam representar uma ameaça aos Estados Unidos”.

Enroscos na justiça

Antes dele trabalhar para o governo Trump, Hatfill era pesquisador de biodefesa do exército. Em 2001, foi nomeado “pessoa de interesse” em uma investigação sobre envelopes com antraz – uma infecção bacteriana com potencial letal. As cartas foram enviadas pelo correio para todo o país, matando cinco pessoas e deixando outras dezessete doentes.

Hatfill negou quaisquer irregularidades, mas as acusações custaram-lhe o emprego. Em 2008, o Departamento de Justiça o inocentou formalmente, no mesmo ano em que recebeu US$ 4,6 milhões do governo para encerrar uma ação judicial alegando que o FBI havia violado seus direitos de privacidade durante buscas.

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