O presidente da Rússia, Vladimir Putin, agradeceu ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, por participar das celebrações que marcaram os 80 anos da vitória da União Soviética sobre Adolf Hitler na II Guerra Mundial e disse nesta quinta-feira, 8, que os dois países agora se unem contra o “neonazismo”. Os dois se encontraram numa cerimônia pomposa, se encontrando num dos salões mais opulentos do Kremlin após caminharem de extremidades opostas ao longo de um tapete vermelho, e apertarem as mãos. Cada um cumprimentou o outro como “querido amigo”.
A presença de Xi nas comemorações do Dia da Vitória é relevante para o líder russo demonstrar que não está isolado no mundo devido à guerra na Ucrânia, que ele retratou como uma luta contra os nazistas modernos. Kiev e seus aliados rejeitam essa caracterização como uma falsidade grotesca, acusando Moscou de realizar uma invasão ao estilo imperial.
“A vitória sobre o fascismo, alcançada à custa de enormes sacrifícios, tem um significado duradouro”, disse Putin a Xi durante conversas nesta quinta. “Juntamente com nossos amigos chineses, defendemos firmemente a verdade histórica, protegemos a memória dos eventos dos anos de guerra e neutralizamos as manifestações modernas de neonazismo e militarismo.”
Por sua vez, Xi afirmou que os dois países, como potências mundiais e membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, trabalhariam juntos para combater o “unilateralismo e a intimidação” — uma referência implícita aos Estados Unidos.
Ele afirmou que ambos “promoveriam conjuntamente a visão correta da história da II Guerra Mundial, salvaguardariam a autoridade das Nações Unidas, defenderiam os direitos e interesses da China, da Rússia e da vasta maioria dos países em desenvolvimento, e trabalhariam juntos para promover uma globalização econômica igualitária, ordenada, multipolar e inclusiva”.
Xi, cujo país trava uma guerra tarifária com os Estados Unidos, deve firmar diversos acordos para aprofundar a parceria estratégica “sem limites” que a Rússia e a China assinaram em 2022, menos de três semanas antes de Putin enviar seu exército para a Ucrânia. Pequim é o maior parceiro comercial de Moscou, e virou uma tábua de salvação econômica contra sanções, comprando mais petróleo e gás russos do que qualquer outro país. No entanto, o governo chinês sustenta que se mantém “neutro” na guerra, pedindo por um fim do conflito por vias diplomáticas.
Evento grandioso
Xi é o mais poderoso entre mais de vinte líderes estrangeiros, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que visitam Moscou esta semana para o Dia da Vitória. Quando se trata de política doméstica, o evento oferece a Putin a chance de mobilizar os russos em torno de um feito histórico central para a identidade nacional. A União Soviética perdeu 27 milhões de vidas na II Guerra, incluindo muitos milhões na Ucrânia, que também foi devastada.
No cenário mundial, Putin pretende se posicionar ao lado de Xi como defensor da ordem internacional e demonstrar que as sanções dos Estados Unidos e da Europa não conseguiram isolar a Rússia.
Na semana passada, ele anunciou unilateralmente um cessar-fogo de três dias na Ucrânia, com início nesta quinta-feira. Kiev não se comprometeu a aderir à trégua, dizendo se tratar de uma manobra “pouco séria” do líder russo para criar a impressão de que ele deseja encerrar a guerra, mas que serviria apenas para azeitar as comemorações do feriado nacional. O governo ucraniano afirmou que só aceitaria pausar as hostilidades por ao menos trinta dias.
Ambos os países estão sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para chegar a um acordo de paz. Washington ameaçou repetidamente abandonar a mesa de negociações a menos que haja avanços concretos nas conversas.
Nos últimos três dias seguidos, a Ucrânia atacou a capital russa, Moscou, com drones, num protesto mais simbólico que ameaçador, mas o céu sobre a capital continua calmo nesta quinta-feira. Com tantos líderes estrangeiros presentes, quaisquer ataques durante os eventos que cercam o 9 de maio poderiam constranger Putin e provavelmente gerariam uma resposta dura de Moscou. Também não refletiriam bem em Kiev.
Apesar da oferta do cessar-fogo, um porta-voz militar ucraniano disse à agência de notícias Reuters que soldados russos continuam a realizar ataques em diversas áreas da linha de frente leste. Mas a Força Aérea da Ucrânia afirmou que não houve mísseis ou drones da Rússia no espaço aéreo do país desde o início da trégua unilateral.
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