12 de maio de 2025

Irã e EUA retomam negociações nucleares, mas diver…

Representantes do Irã e dos Estados Unidos retomaram negociações neste domingo, 11, sobre disputas em torno do programa nuclear de Teerã, relatou a mídia estatal iraniana. Embora ambos os países já tenham informado que preferem vias diplomáticas para chegar a um acordo, os dois também possuem profundas divisões em diversas linhas vermelhas, dificultando o trabalho de negociadores.

Segundo a mídia iraniana, o Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, e o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, realizarão a quarta rodada de negociações em Mascate por meio de mediadores do Omã. A quarta rodada estava prevista para acontecer há cerca de duas semanas, antes de ser adiada por “razões logísticas”.

Antes de partir para Mascate, Araqchi disse à TV estatal iraniana que “o Irã tem posições bem conhecidas, baseadas em princípios claros… Esperamos chegar a uma posição decisiva na reunião de domingo”. Ele acrescentou que a equipe de especialistas iranianos está no Omã e “será consultada se necessário”.

Na quarta-feira, Witkoff disse ao portal americano Breitbart News que a linha vermelha de Washington é: “sem enriquecimento. Isso significa desmantelamento, sem armamento”, exigindo o desmantelamento completo das instalações nucleares iranianas em Natanz, Fordow e Isfahan.

Em resposta, Araqchi afirmou que o Irã não comprometeria seus direitos nucleares, que incluem o enriquecimento de urânio. Apesar disso, Teerã demonstrou disposição a negociar algumas restrições ao seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções, segundo autoridades iranianas, mas encerrar seu programa de enriquecimento ou entregar seu estoque de urânio enriquecido estão entre as “linhas vermelhas do Irã que não poderiam ser comprometidas” nas negociações.

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As discussões nucleares ocorrem em clima de ameaça, uma vez que o presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu bombardear o Irã caso as conversas fracassem.

Em 2018, Donald Trump, em seu primeiro mandato, retirou os Estados Unidos do Acordo Nuclear que considerava “o pior acordo já feito na história” e restabeleceu sanções econômicas contra o Irã. Teerã, por sua vez, voltou a enriquecer urânio, alegando que os americanos violaram o texto e, portanto, só iriam voltar a cumprir as demandas caso a Casa Branca retirasse as restrições econômicas e cumprisse sua parte.

Tensões recentes

Após o fim do acordo nuclear vigente, o país começou a enriquecer urânio acima do limite estabelecido pelo acordo nuclear internacional de 2015. Autoridades ocidentais alertaram que o tempo está se esgotando para restaurar o acordo antes que o programa do Irã chegue a um ponto em que não possa ser revertido.

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As tensões entre Washington e Teerã escalaram e quase culminaram em uma guerra no início de 2020, após os Estados Unidos terem assassinado o general da Guarda Revolucionária e herói de guerra Qasem Suleimani. Trump também consultou seus conselheiros sobre um ataque às usinas nucleares iranianas ainda em 2020, segundo o The New York Times, mas nunca chegou a dar as ordens finais.

Em janeiro deste ano, o chefe da agência nuclear das Nações Unidas, Rafael Grossi, afirmou que o Irã está “pisando no acelerador” em seu enriquecimento de urânio, chegando a níveis próximos ao necessário para produzir armas nucleares. 

“Antes, (o Irã) produzia mais ou menos sete quilos (de urânio enriquecido a até 60%) por mês, agora está acima de 30% ou até mais do que isso. Então, acho que isso é uma indicação clara de uma aceleração. Eles estão pisando no acelerador”, disse Grossi no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU declarou que Teerã atualmente possui cerca de 200 quilos de urânio enriquecido a até 60% de pureza, o que seria suficiente para fabricar quatro armas nucleares, caso o metal seja enriquecido ainda mais. No entanto, a organização afirma que o país levaria tempo para instalar e colocar em operação centrífugas para tornar a produção de armas possível. 

A AIEA já havia confirmado em um relatório confidencial aos Estados-membros no mês passado que o Irã estava acelerando o enriquecimento de urânio para até 60% de pureza, próximo ao nível que é considerado adequado para a produção de armas. O processo de enriquecimento consiste em refinar a matéria-prima para que ela possa ser usada como combustível na geração de energia nuclear civil ou, potencialmente, em armas nucleares.

A declaração de Grossi gerou preocupação entre as potências ocidentais, que afirmam que não há justificativa para enriquecer o metal a esse nível e que nenhum outro país o fez sem produzir armas nucleares. O Irã, por sua vez, disse que seu programa é inteiramente pacífico e negou estar buscando tais armas. 

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