Na manhã desta segunda-feira, 12, o papa Leão XIV recebeu cerca de 3 mil jornalistas credenciados, incluindo VEJA, e convidados na Sala Paulo VI, no Vaticano. O encontro, que começou às 11 horas em ponto (5h em Brasília), reafirmou o compromisso da Igreja com uma comunicação ética e humanizada. Recebido com aplausos calorosos, o pontífice iniciou seu discurso com leveza e humor, dizendo em inglês: “Obrigado por essa recepção maravilhosa. Dizem que quando há aplausos no começo, não importa tanto. Se houver alguém acordado para aplaudir no fim, muito obrigado.”
A fala, que gerou risos e simpatia entre os presentes, logo deu lugar a reflexões profundas sobre o papel da mídia no mundo atual. O papa agradeceu aos jornalistas por sua dedicação em tempos intensos para a Igreja, marcados pela Semana Santa, pela morte de Francisco e pelo conclave que culminou em sua própria eleição. Reconhecendo o cansaço e o empenho dos profissionais, ele destacou a importância de uma imprensa que saiba ir além dos estereótipos e captar a essência da fé e da vida eclesial.
Inspirando-se na frase “Bem-aventurados os que promovem a paz”, o papa convidou todos os jornalistas a construírem uma cultura de diálogo, que rejeite a lógica da guerra — inclusive a guerra das palavras e das imagens. “Devemos dizer ‘não’ à guerra da comunicação: à agressividade, ao sensacionalismo, à competição cega. A verdade não se separa do amor. E antes de tudo um ato de escuta, de responsabilidade, de respeito”, afirmou.
Em um dos momentos mais marcantes de seu discurso, Leão XIV expressou solidariedade aos jornalistas presos ou perseguidos por denunciarem injustiças e defenderem a verdade. Pediu explicitamente sua libertação, e exaltou o papel da imprensa livre como pilar da democracia e da dignidade humana. “A dor desses profissionais interpela a consciência das nações. Apenas povos bem informados podem fazer escolhas verdadeiramente livres”, declarou.
O papa também fez um alerta sobre os perigos de uma comunicação dominada por ideologias ou por interesses econômicos, pedindo aos profissionais que resistam à mediocridade e cultivem um jornalismo que una competência técnica com discernimento ético. Citando Santo Agostinho, disse: “Vivamos bem, e os tempos serão bons. Nós somos os tempos.”
Outro ponto central foi a reflexão sobre o impacto das novas tecnologias, em especial da inteligência artificial, no campo da comunicação. O papa reconheceu seu potencial, mas advertiu que esses avanços devem ser usados com discernimento e responsabilidade: “A IA deve estar a serviço do bem comum. Cabe a nós garantir que seus frutos beneficiem toda a humanidade, e não apenas alguns.”
Ao encerrar, Leão XIV retomou a mensagem deixada por seu antecessor, o papa Francisco, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, pedindo que todos contribuam para um diálogo desarmada: livre de preconceito, ódio, fanatismo e agressividade. “Uma comunicação assim nos permite ver o mundo com novos olhos, e agir com coerência com a dignidade humana”, disse. E concluiu com uma bênção: “Que Deus os abençoe. E sigam firmes no caminho de uma comunicação que edifica a paz.”
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