13 de maio de 2025

testemunhas relatam terror em audiência nessa terça, 13

Danielle Correa de Oliveira, de 41 anos, foi atropelada em 15 de fevereiro deste ano na rodovia MS-010

Testemunhas relatam momentos de terror em audiência sobre morte de corredora
João Vitor Fonseca Vilela, acompanhado de advogado (Foto: Paulo Francis)

Aconteceu nesta terça-feira (13) a primeira audiência de instrução e julgamento do processo que apura a morte da corredora Danielle Correa de Oliveira, de 41 anos, atropelada em 15 de fevereiro deste ano na rodovia MS-010, saída para Rochedinho. O réu é o estudante de Medicina João Vitor Fonseca Vilela, de 22 anos, que dirigia sob efeito de álcool e atingiu duas mulheres de um grupo de corrida. Danielle morreu no local e outra atleta ficou ferida.

Estudante de Medicina, João Vitor Fonseca Vilela, compareceu à primeira audiência sobre o atropelamento que vitimou a corredora Danielle Correa, em fevereiro, na MS-010. Testemunhas, incluindo a corredora sobrevivente, Luciana Timóteo, prestaram depoimento, descrevendo o impacto repentino e a ausência de sinais de frenagem. O fotógrafo Jair da Costa registrou a última imagem de Danielle momentos antes do acidente. A defesa de Vilela admite a embriaguez e o crime, mas contesta a tipificação como homicídio doloso com dolo eventual, defendendo a classificação como homicídio culposo com agravante de embriaguez. O Ministério Público argumenta que o estudante assumiu o risco ao dirigir embriagado, comprovado por latas de cerveja e pulseira de boate encontradas no veículo. Vilela responderá por homicídio, tentativa de homicídio e condução sob efeito de álcool.

Durante a audiência, que durou cerca de duas horas, foram ouvidas testemunhas do caso, entre elas a sobrevivente Luciana Timóteo da Silva Ferraz, o fotógrafo Jair da Costa, o treinador Ronaldo Brittes, o corredor Bruno Xavier e o policial militar rodoviário Victor Belchior, que atendeu à ocorrência.

Luciana, que corria ao lado de Danielle no momento do acidente, relatou como tudo aconteceu de forma repentina. “Passamos pelo fotógrafo e ficamos lado a lado, grudadas. Não ouvi barulho de frenagem ou carro chegando, senti só um impacto no meu corpo. Virei o rosto e só vi o tênis da Dani no chão. Entrei em choque”, disse.

Jair, fotógrafo do grupo, contou que registrou a última imagem de Danielle instantes antes do atropelamento. “Ela passou ao lado do meu carro e, logo depois, ouvi os gritos. Achei o corpo dentro da mata, com o rosto enterrado no mato. Saía sangue da boca. Coloquei ela de lado até alguém com mais experiência em primeiros socorros chegar”, afirmou.

Testemunhas relatam momentos de terror em audiência sobre morte de corredora
Danielle Oliveira durante uma de suas corridas (Foto: Arquivo)
Testemunhas relatam momentos de terror em audiência sobre morte de corredora
João Vitor sendo colocado no camburão da Polícia Militar (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Ronaldo Brittes, técnico do grupo de corrida, informou que seguia no carro que abria o percurso, um Nissan Kicks, e estava cerca de 2 km atrás do grupo. A função do veículo era sinalizar a presença dos atletas na rodovia. O juiz Aluízio Pereira dos Santos questionou se havia tráfego no sentido contrário que pudesse ter pressionado João para fora da pista. Ronaldo negou: “Ali passam poucos carros, por isso é muito usado por corredores e ciclistas. Não me recordo de qualquer veículo no sentido contrário. Todos que passaram antes foram cautelosos”, explicou.

Bruno Xavier, colega da equipe de corrida, estava cerca de 300 metros à frente da vítima e relatou que ouviu o som do impacto. Ao olhar para trás, viu o veículo do réu parando e correu até o local. “O João estava desorientado, perguntando o que tinha acontecido. Eu abri a porta do carro e tirei a chave do contato. Ele não sabia que tinha atropelado alguém. Disse que estava indo para casa, que ficava a uns 2 km da Santa Casa. Também notei que ele usava uma pulseira amarela do bar Garden, que depois foi retirada por um policial”, afirmou.

O policial militar Victor Belquior, da PMR, confirmou que João recusou fazer o teste do bafômetro, mas apresentava forte odor etílico, fala confusa e desorientação temporal, o que foi registrado no termo de constatação de embriaguez.

Testemunhas relatam momentos de terror em audiência sobre morte de corredora
Latinha de cerveja dentro do carro do estudante (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Durante a audiência, tanto o Ministério Público quanto a defesa questionaram o grupo de corrida sobre as estratégias de segurança, como a presença de batedores e sinalização adequada. No entanto, a atenção se concentrou na conduta do réu, que dirigia sob efeito de álcool em alta velocidade.

O advogado de defesa, José Rodrigues da Rosa, afirmou que não há discussão sobre a ocorrência do crime nem sobre o fato de que o réu estava alcoolizado. A divergência está na tipificação penal. “O Ministério Público denuncia por homicídio doloso com dolo eventual. Nós defendemos que é homicídio culposo com agravante da embriaguez, previsto no Código de Trânsito. A diferença é que, nesse caso, a pena pode chegar a 8 anos. Na tese do MP, pode ultrapassar os 20”, argumentou o defensor.

Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, João Vitor dirigia em zigue-zague quando tentou ultrapassar outro veículo e atingiu as corredoras. O MP sustenta que houve dolo eventual, ou seja, ele assumiu o risco de matar ao dirigir embriagado. Além disso, o Fiat Pulse do estudante tinha latas de cerveja e uma pulseira de boate, indicando que ele havia passado a noite anterior consumindo bebida alcoólica.

A denúncia aponta que o estudante responderá por homicídio simples, com dolo eventual pela morte de Danielle, tentativa de homicídio pela lesão em Luciana e condução sob efeito de álcool.

A frente do carro ficou destruída, com capô amassado, retrovisor quebrado e para-brisa rachado. Danielle morreu ainda no local. Luciana sofreu escoriações e foi encaminhada à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino.

Testemunhas relatam momentos de terror em audiência sobre morte de corredora
Cerca de 100 pessoas de sete grupos de corrida da Capital se reuniram em frente ao Fórum (Foto: Henrique Kawaminami)

No dia em que acontecia a audiência de custódia do estudante de medicina, grupo de corredores realizaram manifestação em frente ao Fórum de Campo Grande.

Participaram cerca de 100 pessoas que fazem parte de sete grupos de corrida da Capital, entre elas dezenas de amigos de Danielle Correa de Oliveira. Os mais próximos contaram que ela morreu treinando para a primeira maratona da vida.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Source link

About The Author