14 de maio de 2025

Caso encerrado: família Batista leva Eldorado por US$ 2,7 bilhões e se resolve com a Paper Excellence

O Grupo J&F, controlado pela família Batista, encaminhou um acordo com a Paper Excellence para encerrar a disputa societária na Eldorado Brasil Celulose, o maior litígio entre acionistas da história do país. A holding dos irmãos Joesley e Wesley pagará US$ 2,7 bilhões pelos 49,41% das ações que pertencem à Paper, fontes disseram ao InvestNews. O contrato deverá ser assinado nesta quinta-feira (15).

As conversas para a aquisição ganharam força no último mês, segundo uma fonte. Embora a J&F indicasse querer comprar a parte do sócio há alguns anos, nenhuma proposta havia sido efetivada até abril. A partir daí as tratativas andaram rápido. Com a assinatura do acordo, todos os processos judiciais deverão ser encerrados. A informação foi divulgada inicialmente pelo colunista Lauro Jardim.

O litígio, que já durava desde 2018, envolvia o controle da produtora de celulose Eldorado Brasil em uma operação de R$ 15 bilhões. Cálculos de pessoas próximas à Paper Excellence indicam que a companhia do empresário indonésio Jackson Wijaya obteve prêmio pelo negócio.

Wijaya teria desembolsado na prática US$ 1,2 bilhão pelos 49,41% da Eldorado em 2017 e, agora, receberá mais que o dobro disso e com o dólar muito mais valorizado do que há oito anos. O valor corresponde a quase 10 vezes o lucro operacional (Ebitda) da fabricante de celulose.

Na avaliação da fonte, Wijaya decidiu ser pragmático e focar no crescimento da Paper Excellence em outros mercado. Desde o negócio pela Eldorado, a empresa fez aquisições no Hemisfério Norte e segue com o plano de ser a principal empresa de papel e celulose das Américas.

Disputa de gigantes

A disputa começou um anos depois que a J&F concordou em vender 100% da Eldorado para a Paper. Após o pagamento inicial e a transferência de 49% das ações, o negócio travou em 2018. A Paper acusou os Batista de dificultarem a liberação de garantias; a J&F, por sua vez, dizia que o grupo indonésio não havia cumprido condições contratuais.

O conflito se estendeu por arbitragens em Paris, denúncias criminais no Brasil, discussões no Supremo Tribunal Federal (STF) e questionamentos sobre compra de terras por estrangeiros. Nos últimos meses, a Paper perdeu força política na Eldorado, com decisão do Cade suspendendo seu direito a voto na empresa.

Um batalhão de advogados, como o ex-presidente Michel Temer e o hoje ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi contratado pelos dois lados da disputa.

O acordo encerra formalmente um imbróglio que virou símbolo da dificuldade de resolver conflitos societários de alto valor no país — e devolve aos Batista o controle integral da Eldorado.

A Eldorado Brasil Celulose é uma das maiores produtoras de celulose de eucalipto do país, com capacidade de produção superior a 1,7 milhão de toneladas por ano. Fundada pela J&F em 2010, a empresa opera a partir de Três Lagoas (MS), região considerada um dos principais polos globais do setor.

O plano de expansão previa a construção de uma segunda linha industrial, que poderia dobrar a capacidade da companhia. No entanto, o projeto foi congelado por conta da disputa entre os sócios. Ao longo dos últimos anos, a indefinição em torno do controle da empresa travou investimentos estimados em mais de R$ 10 bilhões, além de comprometer decisões estratégicas e de financiamento.

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