Uma intensa onda de bombardeios israelenses matou dezenas de pessoas na Faixa de Gaza, incluindo muitas crianças, informaram agências de notícias nesta quarta-feira, 14. Os ataques sinalizam uma nova escalada da guerra no enclave palestino, após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmar que seus soldados “vão entrar com força total para concluir a operação” contra o Hamas.
O número exato de mortes nos ataques ainda não está claro, mas a agência de notícias Reuters citou autoridades locais e autoridades médicas que disseram que pelo menos 50 morreram em ataques nesta manhã contra casas em Jabalia, no norte de Gaza. A agência The Associated Press, com base em informações de hospitais locais, reportou que pelo menos 22 crianças estão entre as vítimas. Confirmados os dados, este seria o maior número de mortes numa única manhã em muitas semanas.
A salva de bombas veio em meio a um giro de quatro dias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo Oriente Médio, e ocorre após uma breve pausa na ofensiva israelense para permitir que o Hamas libertasse Edan Alexander, um refém israelense-americano de 21 anos. Dos 58 reféns ainda mantidos em Gaza, acredita-se que metade esteja com vida. O gesto havia aumentado as esperanças de um novo cessar-fogo, mas os novos ataques colocam qualquer avanço em dúvida.
Profusão de bombardeios
Na noite de terça-feira, o exército israelense alertou que faria ataques aéreos em Jabalia e na vizinha Beit Lahia, depois que a Jihad Islâmica, uma facção islâmica aliada do Hamas e apoiada pelo Irã, disparou foguetes contra Israel a partir de Gaza.
Um ataque israelense atingiu o Hospital Europeu de Gaza, perto de Khan Younis, no sul do enclave, deixando grandes crateras em seu pátio e na rua. Ele é um dos poucos que ainda funcionam no enclave, após dezenove meses de conflito. Amro Tabash, um fotojornalista local, descreveu cenas de pânico no local. “Todos dentro do hospital – pacientes e feridos – corriam de medo, alguns de muletas, outros gritando por seus filhos, enquanto outros eram arrastados em camas”, afirmou.
A mídia israelense noticiou que o alvo dos bombardeios ao complexo hospitalar era o líder do Hamas, Mohammed Sinwar, irmão do líder anterior do grupo, Yahya Sinwar (que foi morto numa operação das forças de Israel em outubro de 2024). Autoridades em Tel Aviv afirmaram que o ataque atingiu um “centro de comando do Hamas” localizado abaixo do hospital.
O grupo palestino nega explorar infraestruturas civis para fins militares.
Outro ataque atingiu o hospital Nasser, também em Khan Younis. Segundo o exército israelense, a ação “eliminou terroristas significativos do Hamas”, entre eles um conhecido jornalista palestino, Hassan Aslih. O Ministério da Saúde de Gaza informou que uma outra pessoa também morreu na mesma ofensiva.
Israel acusou Aslih de participar dos ataques de 7 de outubro de 2023 contra comunidades do sul do país, que, ao matar 1.200 civis e fazer 251 reféns, fez eclodir a guerra. Tel Aviv afirmou que o jornalista documentou e divulgou imagens de “saques, incêndios criminosos e assassinatos” durante a incursão terrorista liderada pelo Hamas.
A ofensiva israelense subsequente matou pelo menos quase 53 mil pessoas em Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Futuro incerto
Durante visita à Arábia Saudita na terça-feira, primeira parada de Trump na turnê pelo Oriente Médio, o presidente americano afirmou que mais reféns poderiam ser libertados depois de Alexander, acrescentando que o povo de Gaza merecia um futuro melhor.
Mas Netanyahu e outras autoridades israelenses prometeram aumentar a pressão militar sobre o Hamas. “Nos próximos dias, entraremos com força total para concluir a operação”, disse o premiê em um comunicado divulgado na terça-feira.
Antes, ele voltou a afirmar que a guerra em Gaza só seria considerada completa quando o Hamas fosse destruído. “Não haverá nenhuma situação em que paremos a guerra”, disse na segunda-feira. “Um cessar-fogo temporário pode acontecer, mas vamos até o fim.”
Israel impôs em março um bloqueio ao território palestino devastado, cortando todo o fornecimento de alimentos, medicamentos e combustível. No início desta semana, especialistas em segurança alimentar alertaram que Gaza enfrenta um “risco crítico de fome” após uma “grande deterioração” na situação da segurança alimentar.
Netanyahu atribuiu a libertação de Alexander a uma combinação de “nossa pressão militar e a pressão política exercida pelo presidente Trump”. A declaração foi rejeitada pelo Hamas, que afirmou estar em negociações diretas com Washington sobre um cessar-fogo em Gaza.
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