O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontrou nesta quarta-feira, 14, com o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, durante sua viagem à Arábia Saudita. A reunião ocorreu depois do republicano anunciar, na noite anterior, a suspensão de todas as sanções americanas contra a nação árabe.
O chefe da Casa Branca e al-Sharaa se encontraram antes de uma conferência do Conselho de Cooperação do Golfo, parte da visita de quatro dias de Trump ao Oriente Médio, onde corteja a Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes para fazerem investimentos nos Estados Unidos.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, elogiou Trump por suspender as sanções à Síria, uma medida que chamou de “corajosa”. Em uma publicação no X, antigo Twitter, ela escreveu que o líder americano disse a al-Sharaa que “ele tem uma tremenda oportunidade de fazer algo histórico em seu país”, além de ter encorajado seu governo a assinar os Acordos de Abraão – uma iniciativa que Trump começou em seu primeiro mandato para que as nações do Oriente Médio normalizem as relações com Israel – e “ordenar a todos os terroristas estrangeiros que deixem a Síria”.
Sharaa, por sua vez, afirmou aos líderes que espera que seu país possa servir como um elo comercial crucial entre o leste e o oeste, segundo Leavitt.
O encontro foi o ápice de meses de diplomacia por parte dos sírios, bem como de seus aliados turcos e sauditas, que acreditavam que um encontro pessoal com Trump seria fundamental para encerrar o isolamento internacional da Síria após anos de ditadura de Bashar al-Assad. Seu governo foi derrubado por grupos rebeldes, liderados por al-Sharaa, em dezembro.
O governo do país preparou uma proposta para presidente americano, que inclui acesso ao petróleo sírio, garantias para a segurança de Israel e uma oferta para construir uma torre Trump na capital, Damasco.
Já a caminho do Catar, sua segunda escala na turnê pelo Oriente Médio, Trump disse a repórteres a bordo do Air Force One que seu breve encontro com al-Sharaa foi “ótimo”.
“É um cara jovem e atraente. Um cara durão. Um passado forte. Um passado muito forte. Um lutador”, foi como descreveu o líder sírio. “Ele tem uma chance real de se manter firme. Conversei com o presidente (Recep Tayyp) Erdogan, que é muito amigo dele. Ele sente que tem uma chance de fazer um bom trabalho. É um país dilacerado”, acrescentou, referindo-se ao líder da Turquia.
O presidente dos Estados Unidos também afirmou acreditar que a Síria vai aderir aos Acordos de Abraão em algum momento, mas que o país “precisa se endireitar” primeiro.
Cálculo político
O governo dos Estados Unidos vinha relutando em se envolver com al-Sharaa, ex-líder do grupo rebelde islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Presente nas listas de terroristas procurados do Ocidente com o codinome Abu Mohammad al-Jolani, adquirido nos tempos de adesão aos extremistas da Al Qaeda e do Estado Islâmico, ele instalou um primeiro-ministro provisório na Síria, mas é a cabeça do novo governo.
Embora as sanções tenham sido impostas originalmente a Assad após sua repressão sangrenta a manifestantes pacíficos em 2011, durante a Primavera Árabe, Washington, bem como outros países, mantiveram o embargo econômico à Síria enquanto avaliam o novo governo em Damasco.
O Departamento de Estado americano havia entregue aos sírios uma extensa lista de condições para o fim do bloqueio econômico e estava em processo de negociação quando Trump anunciou, repentinamente, o levantamento das sanções na noite de terça-feira.
“Há um novo governo que, espero, conseguirá estabilizar o país e manter a paz”, a um auditório lotado em Riad, Arábia Saudita, primeira aparição pública de seu giro de quatro dias pelo Oriente Médio. “Ordenarei o fim das sanções contra a Síria para dar a eles uma chance de grandeza.”
A medida será um passo em direção à reintegração da Síria ao sistema econômico internacional e um impulso à economia combalida que tenta se reconstruir após 14 anos de guerra civil, que deixou cidades destruídas, 500 mil mortos e 12 milhões de pessoas deslocadas — sendo 5 a 6 milhões de refugiados no exterior.
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