A ICE, polícia de imigração dos Estados Unidos, prendeu a brasileira Rosane Ferreira de Oliveira, de 40 anos, numa abordagem violenta na última quinta-feira 8. Segundo reportagem da revista americana Rolling Stone, os agentes usaram suas filhas e seu neto recém-nascido como “isca” para atraí-la para fora de casa com objetivo de detê-la.
De acordo com a publicação, as duas filhas de Rosane — Augusta Clara, de 21 anos, e uma adolescente de 17 — estavam saindo de carro da casa da mãe acompanhadas do bebê de três meses de Augusta quando foram abordadas por agentes do ICE. Eles teriam afirmado que a jovem mãe seria presa e que a criança não poderia permanecer sob os cuidados da tia menor de idade. Uma das jovens ligou para Rosane, que foi imediatamente detida ao sair de casa para buscar o neto.
Rosane foi levada para um centro de detenção no estado de Rhode Island, segundo o advogado de Augusta, Andrew Lattarulo. Em um comunicado, o Departamento de Segurança Interna descreveu a brasileira como “uma criminosa violenta” que foi detida por “agressão com arma perigosa e agressão a uma vítima grávida”.
A família, no entanto, nega as acusações. Segundo Augusta, o episódio citado pelas autoridades foi uma briga entre a mãe e a irmã adolescente, e o objeto “perigoso” mencionado seria um carregador de celular.
Confusão no momento da prisão
O momento da prisão da brasileira mobilizou cerca de 25 moradores da área, que tentaram impedir que os agentes do ICE levassem Rosane. A confusão levou a um pedido de reforços da polícia de Worcester.
“Quando os policiais chegaram ao local, observaram uma cena caótica com vários agentes federais de várias agências tentando levar uma mulher sob custódia (…) A multidão estava indisciplinada e várias pessoas colocavam as mãos em agentes federais e oficiais de Worcester na tentativa de impedir a saída do veículo e do detido”, disse a polícia em nota.
Ashley Spring, de 28 anos, também foi presa pela polícia local depois de jogar “uma substância líquida não identificada” nos agentes.
Em nota, o administrador municipal Eric Batista classificou as cenas como “perturbadoras” e afirmou que a cidade, embora proibida pela Lei do Estado de Massachusetts de colaborar com detenções civis do ICE, não tem poder para interferir nas ações federais.
De acordo com comunicado do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), divulgado pelo jornal local, a brasileira estava nos Estados Unidos de forma irregular desde agosto de 2022. Segundo o texto, assinado pela secretária assistente de Assuntos Públicos, Tricia McLaughlin, ela já havia sido presa anteriormente pela polícia local sob acusações de agressão com arma perigosa e agressão contra uma vítima grávida.
O comunicado também criticou a atuação da vereadora local Etel Haxhiaj, que aparece em vídeos tentando intermediar a ação e impedir a detenção. O DHS acusou a parlamentar de promover um “truque político” e de ter “incitado o caos ao tentar obstruir a aplicação da lei”. A nota afirma que os agentes da ICE e a polícia local retomaram o controle da situação e efetuaram a prisão da brasileira.
A deputada federal brasileira Duda Salabert (PDT-MG) informou ter acionado o Ministério das Relações Exteriores para que o caso seja acompanhado pelas autoridades brasileiras.
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