A World Press Photo, organização referência em fotojornalismo, anunciou nesta sexta-feira, 16, que removeu o nome do fotógrafo americano-vietnamita Nick Ut como autor de uma das fotos mais icônicas da história, a imagem de uma menina correndo nua por uma estrada após um ataque incendiário dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, conhecida como “Napalm Girl“.
O órgão sem fins lucrativos, que concede um dos prêmios de fotojornalismo mais prestigiados do mundo, afirmou ter realizado uma investigação própria sobre a foto de 1972 após a estreia do documentário “The Stringer” – o filme se debruça sobre os rumores de que o verdadeiro autor seria um freelancer local pouco conhecido, e não Ut, o fotógrafo da agência de notícias The Associated Press que ganhou o Prêmio Pulitzer pela imagem.
A World Press Photo, que concedeu a Ut o prêmio de Foto do Ano em 1973 pela foto — cujo título oficial é “O Terror da Guerra” — afirmou que o filme “provocou profunda reflexão” na organização. Após uma investigação que durou de janeiro a maio, o grupo determinou que, “com base na análise da localização, distância e da câmera usada naquele dia”, dois outros fotógrafos “podem ter estado em melhor posição para tirar a fotografia do que Nick Ut”.
“A World Press Photo suspendeu a atribuição de ‘O Terror da Guerra‘ a Nick Ut a partir de hoje”, afirmou o órgão em comunicado. “É possível que a autoria da fotografia nunca seja totalmente confirmada. A suspensão da atribuição de autoria permanece, a menos que se prove o contrário.”
Autoria em disputa
A organização sediada em Amsterdã identificou os outros dois possíveis autores como Nguyen Thanh Nghe e Huynh Cong Phuc, ambos presentes na cena na vila de Trang Bang, no sul do país, em 8 de junho de 1972. Em entrevistas para o documentário “The Stringer”, que estreou no festival Sundance em janeiro, Nguyen disse ter certeza de que a foto era sua.
A Associated Press, que afirmou no início deste mês que continuaria a creditar a foto a Ut, respondeu em comunicado que mantém a decisão. Mas reconheceu que sua própria investigação levantou “questionamentos reais que, talvez, nunca consigamos responder” sobre a autoria da imagem.
“Descobrimos que é impossível provar exatamente o que aconteceu naquele dia, na estrada ou no escritório, há mais de 50 anos”, afirmou a agência de notícias.
Em post no Facebook em fevereiro, Ut insistiu que a imagem era sua, chamando as alegações contrárias de “um tapa na cara”.
A menina na foto, Kim Phuc Phan Thi, sobreviveu aos ferimentos e hoje é cidadã canadense e defensora ferrenha das crianças vítimas da guerra. A World Press Photo enfatizou que a autenticidade da imagem em si não estava em questão.
“Não há dúvida de que esta fotografia representa um momento real da história que continua a repercutir no Vietnã, nos Estados Unidos e no mundo”, disse a diretora executiva do órgão, Joumana El Zein Khoury.
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