18 de maio de 2025

Está chegando a hora: maioria em Israel apoia fim…

A certa altura, não dá mais. Mesmo com todos os motivos que explicam como Israel não teve alternativa depois de sofrer o brutal ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, o movimento, tanto internacional quanto interno, é por um acordo que encerre o conflito e liberte os reféns remanescentes. E caberá a Donald Trump encabeçar o processo.

A opinião pública está majoritariamente a favor disso, segundo mostra uma pesquisa encomendada pela Coalizão para a Segurança Regional, uma organização que não tem nada de pacifista e exalta os feitos militares de Israel, defendendo que todos os esforços devem se concentrar na ameaça representada pelo Irã.

A pesquisa, feita com israelenses judeus e árabes, que são 20% da população do país, indica que os israelenses estão dispostos a apoiar um acordo. Nada menos que 68,9% disseram que apoiariam uma iniciativa liderada por Trump que levasse à libertação dos reféns, o fim da guerra em Gaza, a normalização com a Arábia Saudita, o encaminhamento da separação com a população palestina não integrada ao Estado e à formação de uma coalizão regional contra o irã.

Cada uma dessas questões, obviamente interligadas, é de extrema complexidade. Para começar, o que fazer com o Hamas? A organização que mistura vários elementos – terror, militância armada, controle do que sobra das instituições de Gaza -, sofreu perdas enormes, provavelmente de um terço ou mais de seus integrantes, mas não está derrotada.

Interesses estratégicos

Qual força seria capaz de desarmá-la, o que nem todo o enorme poder das forças armadas israelenses  conseguiu?

Só um acordo de enorme abrangência, envolvendo os países mais importantes do Oriente Médio = e nem assim com garantias absolutas.

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Mas um dos passos mais importantes é a concordância dos israelenses, o que daria um colchão para Benjamin Netanyahu aterrissar caso seus aliados mais radicais saiam da coalizão de governo.

Note-se que, na pesquisa mencionada,, apenas 9,7% disseram que são contra um acordo. Os restantes 21,5% se declararam neutros.

Outra posição significativa: 61% dos israelenses apoiam a normalização com a Arábia Saudita – uma proporção na prática idêntica, de 60%, entre os que votaram em Netanyahu e aliados. Ou seja, a direita dá uma boa base de sustentação. Nesse espectro, 65% disseram que esse processo favoreceria os interesses estratégicos de Israel.

‘Fervorosa esperança’

Na visita à Arábia Saudita, Trump disse que o país deveria aderir à normalização, representada pelos Acordos de Abraão alcançados em seu primeiro mandato, em seu “próprio tempo”.  Mas acrescentou ter “a fervorosa esperança, o desejo e o sonho” de que isso aconteça logo. É evidente que houve negociações que não se tornaram públicas.

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Trump, como sempre, faz declarações contraditórias. Partidário firme do não intervencionismo, ele disse no Catar que “ficaria orgulhoso se os Estados Unidos” tomassem Gaza e transformassem o território numa “zona de liberdade”..

“Vamos deixar que coisas boas aconteçam, colocar as pessoas em casas onde estejam seguras”.

“Não é aceitável que as pessoas vivam debaixo dos escombros de prédios derrubados”.

Bem de Israel

Pode ser um ataque de trumpismo, mas o fato é que muitas coisas em Gaza estão se tornando inaceitáveis mesmo para quem apoia Israel e não faz absurdas declarações de genocídio.

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Já está ficando clara, inclusive para os israelenses, a inutilidade da repetição dos mesmos ciclos – as forças israelenses reocupam constantemente as áreas das quais haviam se retirado, a população civil sofre as consequências dos ataques contra militantes emaranhados com ela, o preço em vidas e sofrimento é enorme, a imagem de Israel se consome e o impasse permanece. 

Pelo bem de Israel e pela compaixão que todos os inocentes merecem, isso não pode continuar incessantemente.

Benjamin Netanyahu, um mestre em sobrevivência política, já deve ter percebido que os ventos mudaram. Ele teve razão em muitos momentos da guerra em Gaza, inclusive contra opiniões importantes, dentro e fora de Israel e não só da esquerda que o abomina. Se não fosse a ofensiva em múltiplas frentes, a situação seria diferente. Agora, com Donald Trump, com a situação no campo de batalha, com o apoio da opinião pública, pode ser a chance de mudar de tática.

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