A China anunciou neste domingo que vai impor tarifas antidumping sobre um tipo de plástico industrial importado. O uso de leis antidumping faz parte do arsenal que o país asiático mantém para enfrentar a guerra comercial com os EUA.
As tarifas pode alcançar até 74,9% sobre as importações de copolímeros POM, um tipo de plástico de engenharia, dos Estados Unidos, da União Europeia, do Japão e de Taiwan.
As conclusões do Ministério do Comércio encerram uma investigação iniciada em maio de 2024, logo após os EUA aumentarem drasticamente as tarifas sobre veículos elétricos chineses, chips de computador e outras importações.
Os copolímeros de POM podem substituir parcialmente metais como cobre e zinco e têm várias aplicações, inclusive em autopeças, eletrônicos e equipamentos médicos, informou o ministério.
Em janeiro, o ministério disse que as investigações iniciais haviam determinado a ocorrência de dumping e implementou medidas antidumping preliminares na forma de um depósito a partir de 24 de janeiro.
Fim da investigação ou retaliação?
Os Estados Unidos no início deste ano aumentaram as taxas sobre o aço, o alumínio, veículos elétricos (VEs), células solares e outros produtos chineses. A Turquia aumentou os impostos sobre os VEs chineses, enquanto o Paquistão aumentou as tarifas sobre artigos de papelaria e borracha chineses.
Outros países abriram investigações antidumping para ver se os produtos chineses estão sendo vendidos abaixo do valor justo. A Índia está examinando pigmentos e produtos químicos chineses. O Japão examina os eletrodos. O Reino Unido investiga as importações de escavadeiras e biodiesel, enquanto a Argentina e o Vietnã examinam fornos de micro-ondas e torres eólicas chinesas.
Por trás de tudo isso está um cálculo ousado, mas arriscado, de Pequim, segundo o qual investir mais em manufatura pode restaurar a vitalidade econômica do país e aumentar sua resiliência industrial sem desencadear muita resistência internacional que acabe ameaçando o futuro da China.
Entrevistas com assessores políticos em Pequim e pessoas que consultaram autoridades chinesas mostram que a liderança da China enfrentou uma encruzilhada crucial no ano passado, quando a crise imobiliária do país levou a economia a um de seus pontos mais fracos em décadas.
Alguns conselheiros argumentaram que a economia chinesa precisava ser fundamentalmente repensada, indo de sua tradicional dependência pesada na manufatura e na construção para uma maior priorização do consumo doméstico — uma mudança que a deixaria mais parecida com os EUA e potencialmente a colocaria em um caminho de crescimento mais estável.
Em vez disso, o líder Xi Jinping ordenou que as autoridades reforçassem o modelo chinês de manufatura liderado pelo Estado, com bilhões de dólares em novos subsídios e crédito. Ele usou um slogan para garantir que os funcionários entendessem a mensagem: “Garantir o novo antes de quebrar o velho”, ou “xian li hou po” em mandarim.
Subsídios alcançam 99% das empresas listadas
Os empréstimos à indústria, incluindo empresas manufatureiras, aumentaram 63% desde o final de 2021, enquanto os bancos chineses reduziram drasticamente os empréstimos a incorporadoras imobiliárias.
Os subsídios do governo, embora há muito centrais para o manual econômico da China, também aumentaram significativamente. As empresas listadas nas bolsas de valores de Shenzhen e Xangai declararam US$ 33 bilhões em subsídios governamentais em 2023, de acordo com o provedor de dados Wind — 23% a mais do que em 2019.
A fabricante chinesa de baterias CATL recebeu o equivalente a cerca de US$ 790 milhões, o dobro do montante de 2022. Outros grandes destinatários incluíram a PetroChina, a China Mobile e a montadora BYD, apoiada por Warren Buffett.
Ao todo, 99% das empresas chinesas de capital aberto agora contam com alguma forma de subsídio, de acordo com o Instituto Kiel, think tank alemão. A China gasta cerca de 4,9% de seu produto interno bruto em apoio a indústrias — várias vezes mais do que os EUA, Alemanha e Japão, de acordo com Scott Kennedy, especialista em China do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington.
Por Colleen Howe
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