O governo britânico suspendeu nesta terça-feira, 20, negociações de livre comércio com Israel e impôs novas sanções contra assentamentos na Cisjordânia. A decisão ocorre um dia após Reino Unido, França e Canadá ameaçarem “ações concretas” contra Israel em comunicado. O trio também se opôs “a qualquer tentativa de expandir os assentamentos na Cisjordânia” e afirmou que, apesar de apoiar o direito de defesa israelense, não ficaria “de braços cruzados enquanto o governo (de Benjamin) Netanyahu realiza essas ações atrozes”.
O alerta foi seguido por uma declaração conjunta assinada por 22 países, que exige que Tel Aviv passe a “permitir a retomada total da ajuda a Gaza imediatamente e permitir que a ONU e as organizações humanitárias trabalhem de forma independente e imparcial para salvar vidas, reduzir o sofrimento e manter a dignidade”.
“Quero deixar registrado hoje que estamos horrorizados com a escalada de Israel”, reforçou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ao Parlamento do Reino Unido nesta terça-feira. “Precisamos coordenar nossa resposta, porque esta guerra já dura tempo demais. Não podemos permitir que o povo de Gaza morra de fome.”
Starmer repetiu o apelo para um cessar-fogo em Gaza e argumentou que uma trégua era a única forma de libertar os reféns mantidos pelo grupo palestino radical Hamas. Ele também disse que a a quantidade básica de ajuda humanitária permitida por Israel é “completamente inadequada”.
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Críticas generalizadas
Trata-se de um aumento do tom de uma gama de países contra a campanha militar israelense em Gaza. Na segunda-feira, depois da declaração do Reino Unido, França e Canadá, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, apelou para que Israel seja excluído de eventos culturais internacionais. Ele destacou que não se deve “permitir padrões duplos, nem mesmo na cultura” e criticou aqueles que defendem “um setor cultural insípido, silencioso e equidistante”.
“Acredito que ninguém ficou chocado há três anos, quando a Rússia foi solicitada a se retirar de competições internacionais após a invasão da Ucrânia e a não participar, por exemplo, do Eurovision. Portanto, Israel também não deveria fazer isso”, opinou o premiê espanhol.
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Entrada de ajuda humanitária
Na véspera, as Forças de Defesa de Israel (FDI) aceitaram a entrada na Faixa de Gaza de caminhões com suprimentos, poucas horas depois de Netanyahu anunciar, em meio à forte pressão internacional, a liberação do transporte de mantimentos, que estava bloqueado desde 2 de março. Ao todo, segundo as FDI, cinco caminhões com itens que incluem alimentos para bebês entraram na Faixa de Gaza pela travessia de Kerem Shalom, na tríplice fronteira entre Israel, Egito e Faixa de Gaza.
Antes do anúncio, o primeiro-ministro israelense havia afirmado que Israel irá “tomar controle” de toda a Faixa de Gaza, na esteira do anúncio da retomada de operações terrestres no final de semana e de extensos ataques aéreos que deixaram mais de 100 mortos e destruíram instalações médicas no norte do enclave no domingo, 18.
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VÍDEO: Manifestantes nas ruas
Dezenas de milhares de manifestantes vestidos de vermelho marcharam por Haia, cidade na Holanda que abriga o Tribunal Penal Internacional (TPI) e a Corte Internacional de Justiça (CIJ), no domingo para exigir uma ação governamental que encerre as operações militares de Israel no enclave palestino. O protesto contou com participação de organizações humanitárias, como Anistia Internacional, Save the Children e os Médicos Sem Fronteiras. Os participantes contornaram o centro da cidade de Haia, criando uma linha vermelha, que simbolicamente representa a inação do governo da Holanda.
“Apelamos ao governo holandês para que ponha termo ao apoio político, econômico e militar a Israel, enquanto este país bloquear o acesso a fornecimentos de ajuda e for culpado de genocídio, crimes de guerra e violações estruturais dos direitos humanos em Gaza e nos Territórios Palestinianos Ocupados”, afirmou Marjon Rozema, da Anistia Internacional.
A marcha passou pelo Palácio da Paz, sede da CIJ, das Nações Unidas. No ano passado, o tribunal ordenou que Tel Aviv tome medidas para prevenir e punir a incitação direta ao genocídio e conter mortes e danos na sua ofensiva militar. A África do Sul, que abriu o caso, havia pedido a corte que exigisse um cessar-fogo de Israel. A CIJ, porém, não determinou que os militares suspendessem a campanha.
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