A Ucrânia apelará à União Europeia (UE) para que amplie sanções contra a Rússia na próxima semana, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeita aplicar punições econômicas ao governo russo sob justificativa de dar tempo para as negociações de paz avançarem, disse a agência de notícias Reuters nesta quarta-feira, 21. Um documento de 40 páginas, obtido pela Reuters, inclui sugestões de que o bloco europeu adote uma legislação que acelere a apreensão de bens de indivíduos sancionados, que seriam repassados para a Ucrânia.
O documento estabelece que a UE deve considerar medidas para endurecer sanções para além do território dos países membros, abrangendo empresas estrangeiras que usam sua tecnologia para ajudar a Rússia. Além disso, o documento ucraniano propõe “a introdução de sanções secundárias aos compradores de petróleo russo”, como China e Índia, de acordo com a agência.
O texto pede que o a União Europeia considere um processo decisório baseado na maioria, de forma a impedir que Estados específicos vetem medidas que exigiriam unanimidade. A Ucrânia reconhece as sanções “sem precedentes” já impostas pela UE, mas insta que o bloco europeu aumente o cerco contra a Rússia. Kiev também destaca a mudança de postura dos Estados Unidos, antes firme aliado dos ucranianos, sob o governo de Donald Trump.
“Hoje, na prática, Washington deixou de participar de quase todas as plataformas intergovernamentais focadas em sanções e controle de exportação”, afirmou o documento, acrescentando que a relutância americana “não deve levar a União Europeia a aliviar a pressão das sanções”. “Pelo contrário, deve catalisar a UE para assumir um papel de liderança neste domínio.”
+ Após ligação com Putin, Trump diz que negociações entre Rússia e Ucrânia começarão ‘imediatamente’
Críticas aos EUA
Com Trump no comando, Washington reduziu o trabalho no grupo de monitoramento para impor limites de preços ao petróleo russo, dissolveu uma força-tarefa federal que processava violações das punições e realocou especialistas em represálias econômicas para outros setores, de acordo com o livro branco.
Na segunda-feira, 19, o republicano disse que as negociações entre Rússia e Ucrânia começariam “imediatamente”. A declaração ocorreu após um telefonema com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. A ligação de duas horas, segundo Trump, ocorreu “muito bem”. Ele também conversou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que estava acompanhado por líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental.
“Rússia e Ucrânia iniciarão imediatamente negociações para um cessar-fogo e, mais importante, para o fim da Guerra”, escreveu Trump na Truth Social, rede social da qual é dono. “As condições para isso serão negociadas entre as duas partes, como só pode ser, porque elas conhecem detalhes de uma negociação dos quais ninguém mais teria conhecimento.”
Trump também informou que “o Vaticano, representado pelo Papa, declarou que estaria muito interessado em sediar as negociações”, acrescentando: “Que o processo comece!”. Na cidade russa de Sochi, Putin disse a jornalistas que está preparado para trabalhar em um “memorando sobre um possível futuro acordo de paz”.
“A questão é, claro, que os lados russo e ucraniano mostrem seu máximo desejo pela paz e encontrem os compromissos que sejam adequados para todas as partes”, pontuou o líder russo.
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