Os Estados Unidos aceitaram nesta quarta-feira, 21, o Boeing 747-8, de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões), dado de presente pela família real do Catar ao presidente americano, Donald Trump. A aeronave substituirá o Air Force One como avião presidencial durante o mandato do republicano. Segundo porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, o departamento de Defesa “trabalhará para garantir medidas de segurança adequadas” para tornar o Boeing seguro para uso de Trump e o jato de luxo foi recebido “de acordo com todas as regras e regulamentos federais”.
Na véspera da decisão, o primeiro-ministro do Catar, xeique Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, defendeu durante fórum econômico que presentear o governo americano com o Boeing é “uma coisa normal que acontece entre aliados”. A fala se dá em meio à crescente polêmica em torno das possíveis questões legais envolvendo o recebimento do agrado, apelidado de “palácio nos céus”.
Al Thani rejeitou declarações de que o Catar estaria tentando comprar influência, após o líder democrata do Senado dos Estados Unidos, Chuck Schumer, apresentar um projeto de lei que impediria qualquer aeronave estrangeira de operar como o Air Force One por questões de segurança. Por sua vez, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse na segunda-feira que a aeronave seria “aceita de acordo com todas as obrigações legais e éticas”.
O luxuoso jato só poderia voar pelo espaço aéreo doméstico sob escoltas de caças militares, caso não receba uma profunda modernização de defesa e comunicação, afirmam fontes da indústria e analistas de aviação. Mesmo depois de eventuais melhorias — como novos sistemas antimísseis, blindagem eletrônica e canais criptografados —, o avião de treze anos ainda ficaria aquém da proteção integrada na atual aeronave presidencial. Trump, contudo, pode dispensar qualquer exigência técnica com uma simples canetada.
+ Catar diz que avião de US$ 400 milhões de presente a Trump é ‘coisa normal’ entre aliados
Atrasos e lacunas de segurança
O presente catari surgiu após sucessivos atrasos nos dois 747-8 encomendados à Boeing (pelo próprio Trump, em seu primeiro mandato) para substituírem o atual Air Force One. Previstas agora para 2027 – três anos a mais que o cronograma original, devido a entraves técnicos e à pandemia de Covid-19 –, as aeronaves já custaram à fabricante mais de US$ 4,7 bilhões e geraram US$ 2,4 bilhões em prejuízos.
Enquanto esperava, Trump avaliou pessoalmente o avião em fevereiro – e gostou do que viu. O presidente disse, ainda, que seria “bobagem” recusar o presente estimado em US$ 400 milhões. Diferentemente do Air Force One, projetado para resistir até mesmo ao pulso eletromagnético de uma detonação nuclear, a aeronave não dispõe de sensores infravermelhos, lançadores de flare ou bloqueadores eletrônicos de última geração.
Por isso, o Pentágono cogita restringir as rotas do avião ao espaço aéreo americano, além de utilizar caças como guarda-costas. Além dos sistemas defensivos, o avião precisaria de uma suíte de comunicações capaz de suportar ligações encriptadas da Casa Branca, rede interna para a tripulação e infraestrutura para abrigar equipe presidencial, Serviço Secreto e imprensa.
More Stories
Exército de Israel abre fogo contra diplomatas de…
UE aumenta pressão e anuncia que revisará laços co…
China e Rússia anunciam construção de usina nuclea…