23 de maio de 2025

JBS terá ações listadas em Nova York após votação apertada entre minoritários

A assembleia mais importante da história da JBS teve desfecho favorável para a companhia da família Batista. Os acionistas minoritários aprovaram nesta sexta-feira (23) a proposta de dupla listagem das ações na Bolsa de Nova York (Nyse) e na B3, abrindo caminho para que a empresa passe a integrar o mercado americano.

A expectativa é que os papéis da companhia passem a ser negociados em Nova York em 12 de junho.

Após iniciar a votação com placar desfavorável na votação à distância, os acionistas que compareceram à assembleia na sede da JBS viraram o jogo. A empresa não informou os percentuais finais no fato relevante, mas confirmou que as aprovações societárias necessárias foram obtidas.

As apostas pela aprovação aumentaram nos últimos dias desde a movimentação do BNDESPar, que vendeu 2% do capital da JBS poucos dias antes da assembleia — o que aumentou o free float e potencialmente atraiu novos acionistas alinhados à listagem em Nova York.

Vale lembrar que havia um acordo para que o BNDES e a família Batista, os dois principais acionistas da JBS, não votassem nesta assembleia.

A operação enfrentava resistência de casas de análise como a Glass Lewis e a Institutional Shareholders Services (ISS). Elas recomendaram voto contrário devido à estrutura proposta pelos controladores da empresa, os irmãos Batista, que prevê uma classe especial de ações com poder de voto dez vezes superior às ações ordinárias.

Com a aprovação, a estrutura da JBS será reorganizada: a holding JBS N.V., sediada na Holanda, passará a ser a nova controladora da JBS S.A. e terá suas ações Classe A listadas na NYSE, com BDRs Nível II negociados na B3.

Os acionistas receberão 1 BDR para cada 2 ações ordinárias da JBS que possuíam, mantendo o mesmo percentual econômico na nova estrutura, segundo a empresa.

Antes e depois

Antes: A JBS S.A. no Brasil era diretamente controlada pela holding da família Batista (Grupo J&F + FIP Formosa), pelo BNDESPar e pelos acionistas minoritários. Sob esse guarda-chuva, a JBS S.A. detinha operações como Friboi, Seara, as unidades de processamento de carne bovina nos EUA, Pilgrim’s e outras subsidiárias internacionais.

Depois: A criação da JBS N.V., sede jurídica na Holanda, insere uma nova holding intermediária. A cadeia de controle passará a ser:

  1. LuxCo (Luxemburgo): controlada por J&F + FIP Formosa (50% Joesley, 50% Wesley Batista).
  2. BNDESPar (Brasil) e acionistas minoritários (Brasil): manterão participação direta na JBS N.V.
  3. JBS N.V. (Holanda): emissora das Class A Shares na NYSE e lastro para os BDRs Nível II na B3.
  4. Brazil HoldCo (Brasil): companhia limitada que receberá temporariamente as ações da JBS S.A. durante a transição.
  5. JBS S.A.: continuará como empresa operacional, controlando Friboi, Seara, operações nos EUA, Pilgrim’s e demais negócios.
Unidade da JBS em Greeley, Colorado (EUA)
Unidade da JBS em Greeley, Colorado (EUA) (Bloomberg)

Essa reorganização cria uma estrutura multinível que separa claramente a dimensão de governança internacional (via JBS N.V.) do controle operacional local (via JBS S.A.), mantendo as operações inalteradas no dia a dia.

A operação é vista como estratégica: além de melhorar o acesso da JBS ao capital internacional, a listagem pode aproximar os múltiplos da empresa aos de gigantes globais como a Tyson Foods e, no médio prazo, viabilizar a entrada da companhia no índice S&P 500.

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