28 de maio de 2025

Ajuda de grupo apoiado pelos EUA a palestinos é cr…

As Nações Unidas criticaram nesta terça-feira, 27, o envio de ajuda humanitária por um grupo privado americano apoiado por Israel e pelos Estados Unidos à Faixa de Gaza. A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) iniciou as operações de fornecimento de alimentos na véspera, apesar de agências da ONU e de outras organizações humanitárias se recusarem a cooperar com o grupo, por usar seguranças armados na distribuição de suprimentos e pela ineficácia.

“Não participamos desta modalidade pelas razões apresentadas. É uma distração do que é realmente necessário”, disse Jens Laerke, porta-voz do escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, em inglês), em coletiva em Genebra.

Laerke também apelou para que Israel libere os milhares de caminhões que aguardam permissão na fronteira. Ele disse os veículos que recebem o sinal verde israelense são “selecionados a dedo”, o que agrava a catástrofe humanitária por atrasar o recebimento de alimentos, medicamentos e água pelos palestinos. O coro foi reforçado pela diretora de comunicações da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Juliette Touma, que afirmou que parte da ajuda teve a entrada negada.

“Temos mais de 3.000 caminhões, não apenas de alimentos, mas também de medicamentos, que estão fazendo fila em lugares como a Jordânia e o Egito, esperando o sinal verde para entrar, e estão carregando medicamentos que estão prestes a expirar”, alertou ela.

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Cenas chocantes e renúncia

Uma imagem compartilhada pela emissora israelense 12 News mostra palestinos amontoados à espera da ajuda humanitária da organização americana, numa cena que lembra aos campos de concentração nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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Multidão em local de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. 27/05/2025
Multidão em local de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. 27/05/2025 (12 News/Twitter)

No domingo, 25, o diretor da GHF, Jake Wood, anunciou que havia deixado o cargo, afirmando em comunicado: “Está claro que não é possível implementar este plano respeitando rigorosamente os princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência, dos quais não abrirei mão”. No início deste mês, Wood escreveu uma carta a Israel em que afirmava que não compartilharia nenhuma informação com o governo israelense que fosse capaz de identificar os palestinos que recebem ajuda humanitária.

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Fome e insegurança alimentar

A população da Faixa de Gaza, composta por 2,3 milhões de pessoas antes da guerra, está em “risco crítico” de fome e enfrenta “níveis extremos de insegurança alimentar”, apontou um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiada por agências das Nações Unidas, grupos de ajuda e governos.

O documento indicou que o cessar-fogo, que durou de janeiro a março, “levou a um alívio temporário” em Gaza, mas as novas hostilidades israelenses “reverteram” as melhorias. Cerca de 1,95 milhão de pessoas, ou 93% da população de Gaza, vivem níveis de insegurança alimentar aguda. Desse número, mais de 244 mil enfrentam graus “catastróficos”. A fome generalizada, segundo a pesquisa, é “cada vez mais provável” no território. No momento, meio milhão de palestinos, um em cada cinco, estão famintos em Gaza.

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