28 de maio de 2025

Sem o conflito que tantos previam, Musk se afasta…

Foram-se os tempos, bem recentes, de desfilar de motosserra no palco, viajar no Air Force One e aparecer do lado de Donald Trump em múltiplas ocasiões. Não houve o choque de titãs, tão facilmente prognosticado, mas um afastamento suave que levou Elon Musk a voltar para seus negócios, inclusive a Tesla, que estava passando por uma fase mais difícil.

Musk falou indiretamente sobre isso ao dizer que passaria a “ter um foco a laser” nos empreendimentos que o tornaram o homem mais rico do mundo.

Para ele, é melhor. Sua imagem havia sofrido impactos negativos por causa do estilo agressivo na missão de cortar gastos do governo e o vandalismo contra carros de sua marca estava intimidando potenciais compradores.

Também houve uma briga feia com o secretário do Tesouro, Scott Benson, cujos detalhes emergiram aos poucos. Numa discussão que se espalhou por várias salas contíguas ao Salão Oval, os dois discutiram aos gritos sobre a nomeação do diretor da Receita Federal americana. Benson repetiu três vezes aquilo que a mulher do presidente Lula da Silva mandou Musk fazer consigo mesmo. A gritaria reverberou pela sede da presidência e testemunhas dizem que deu para Trump ouvir, bem como a primeira-ministra Giorgia Meloni, em visita à Casa Branca.

BOMBEIROS E INCENDIÁRIOS

Benson perdeu a cabeça e a compostura ao ouvir de Musk que havia fracassado em seus dois fundos de investimentos. Mas ganhou a briga. Musk foi deixando aos poucos as funções de cortador-chefe, obrigatoriamente antipática. Bessent ascendeu como o homem que faz Trump ser um pouco menos Trump e acalma os mercados, principalmente depois que comandou negociações com a China para não deixar a guerra tarifária escapar ao controle.

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“Quando ele fala, os mercados realmente escutam”, elogiou Trump recentemente. Até meios de comunicação antitrumpistas têm feito a mesma coisa.

Ter bombeiros e incendiários no mesmo governo é uma tática boa, mas nem sempre funciona. Trump certamente viu os números negativos para Musk, em especial quando ele começou a falar que havia muita coisa errada no sistema de aposentadorias – o suficiente para deixar os beneficiados em pânico e fazer as pesquisas mostrar que apenas 35% dos americanos tinham uma visão favorável dele.

Musk pretendia fazer no Departamento de Eficiência Governamental – um órgão paralelo, não um ministério – a mesma coisa que fez ao comprar o Twitter e transformá-lo em X: enxugar custos, eliminar cargos, agilizar processos, aumentar a produtividade e tornar a máquina mais eficiente. Claro que a burocracia venceu.

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MÁQUINA FORTE

Transpor métodos da iniciativa privada para estruturas governamentais é quase impossível, como sabem todos os que já foram encarregados de processos de desburocratização ou entrarem em governos com mentalidade empresarial. Nem o homem que quer ir para Marte ainda nessa geração e fazer paraplégicos andar consegue invadir searas alheias e passar a motosserra sem fortes reações.

A Argentina de Javier Milei tem sido uma exceção justamente porque estava numa situação excepcional, já com os dois pés dentro do abismo, e o economista descabelado foi convincente ao propor uma saída diferente de tudo que já havia sido tentado.

“Você sabe que é convidado a ficar o tempo que quiser”, disse Trump quando o processo de afastamento de Musk já havia começado, no mês passado. “Acho que ele quer voltar para os seus carros”, acrescentou.

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O departamento de Musk cortou 160 bilhões de dólares, do total prometido de dois trilhões, e muitas de suas iniciativas foram bloqueadas na justiça. Musk perdeu uns 100 bilhões de dólares de sua fortuna pessoal por causa da desvalorização das ações da Tesla. Nada que não possa dar um jeito, ao contrário do que viu que acontecer quando a máquina foi mais forte até que Elon Musk.

Os inimigos comemoram e foram poucos os amigos feitos no governo. Sai frustrado? Perguntem ao Grok.

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