A inflação brasileira desacelerou no acumulado de 12 meses até a primeira quinzena de maio, mas segue acima da meta do Banco Central, num cenário que fortalece a estratégia da autoridade monetária de manter os juros elevados por mais tempo para conter a pressão sobre os preços.
Segundo dados divulgados nesta terça-feira (27) pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, abaixo de todas as projeções do mercado consultadas pela Bloomberg, cuja mediana apontava para 5,49%. Na comparação mensal, a alta foi de 0,36%, também inferior a todas as estimativas dos analistas.
Estado de alerta sobre inflação
A inflação mais fraca do que o esperado pode oferecer algum alívio momentâneo, mas o fato de a inflação ainda superar com folga o centro da meta de 3% mantém a política monetária em estado de alerta — especialmente num momento em que o Banco Central já vinha sinalizando uma postura mais cautelosa diante das incertezas fiscais e do cenário externo.
Políticos brasileiros já elevaram os juros em 4,25 pontos percentuais desde setembro do ano passado, diante da escalada das projeções de inflação acima da meta de 3%.
Agora, investidores acompanham de perto qualquer sinal que possa indicar se vem um novo aumento da taxa básica na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para junho.
Apesar da resiliência da economia doméstica, uma recente alta no imposto sobre operações financeiras (IOF) deve contribuir para um ambiente ainda mais restritivo nos mercados.
“No geral, esta foi uma boa leitura após uma série de relatórios negativos”, disse Flavio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, sobre os dados de inflação.
A reação foi imediata: os contratos de swap de juros com vencimento em janeiro de 2027, que funcionam como termômetro das apostas do mercado sobre a política monetária, caíram mais de 13 pontos-base na manhã desta terça-feira (21), refletindo o dado melhor do que o esperado.
Alívio nos alimentos, alta na saúde e habitação
De acordo com o IBGE, os preços de alimentos e bebidas subiram 0,39% na primeira quinzena de maio, desacelerando em relação ao avanço de 1,14% registrado no mesmo período de abril. Já os custos com transporte caíram 0,29%. Por outro lado, os preços de saúde subiram 0,91% e habitação avançou 0,67%.
No dia 7 de maio, o Banco Central elevou a taxa Selic para 14,75%, o maior nível em quase 20 anos, mas não deu sinais claros sobre os próximos passos da política monetária.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem reforçado a estratégia de manter a taxa em patamar elevado por mais tempo. “Estamos cientes de que, desta vez, será necessário manter o juro alto por mais tempo em nível restritivo”, disse em 19 de maio.
Enquanto isso, a atividade econômica brasileira subiu 0,8% em março, segundo o índice do Banco Central, o dobro da mediana de 0,4% projetada por analistas consultados pela Bloomberg. Já o desempenho do PIB do primeiro trimestre será divulgado na sexta-feira pelo IBGE.
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