Torcida raiz ignora Champions para apoiar Operário na Série D

No mesmo horário em que Paris Saint-Germain e Inter de Milão decidem quem vai levantar a taça da Champions League 2024-25 na Allianz Arena, em Munique, um outro jogo, longe dos holofotes e do glamour europeu, mobiliza torcedores apaixonados em Campo Grande. No Estádio Jacques da Luz, no bairro Moreninhas, o Operário encara a Inter de Limeira em mais um desafio da Série D do Campeonato Brasileiro. E para quem está nas arquibancadas, não há dúvidas: a final europeia pode esperar. O importante mesmo é ver o Galo de MS em campo.

É o caso de Weiller Queiroz, de 33 anos, autônomo que não esconde o entusiasmo de estar no estádio para apoiar o time local. “Eu acompanho, na verdade, qualquer partida de futebol em todo o mundo. Só que, como está tendo o Operário jogando na mesma hora da final da Champions League, eu acabo preferindo o futebol local, para apoiar o time daqui”, diz.

Para ele, a identificação com o clube vai além de qualquer transmissão internacional. “Desde 2016 acompanho o Operário. Faz quase dez anos já. Desde que o Operário mudou a gestão, estou vendo uma gestão mais séria. Então, como estou vendo gestão séria, acho que é o momento de apoiar. Tanto que o Operário, antigamente, dificilmente chegava em final de estadual. Agora é bicampeão. Então, nessas horas é que tem que ir apoiar”, afirma.

Sobre as expectativas para o jogo, Weiller mostra confiança, mesmo sabendo que o caminho ainda é longo na Série D. “Eu não sei exatamente qual é a rodada, mas tem muito chão ainda. Então ainda dá pra confiar. Tem tempo de recuperar. E vamos levar hoje.”

Wesley Pereira de Oliveira, 40 anos, técnico de informática, também optou por deixar a final da Champions League de lado para torcer pelo Operário em casa. “Todos os jogos do Operário que eu posso assistir, eu assisto, porque o Operário é do nosso estado e nós temos que incentivar o esporte do nosso estado”, conta.

Para o torcedor, o futebol europeu tem seu charme, mas nada supera o sentimento de pertencimento ao ver o Galo em campo. “Acompanho o futebol europeu. Mas mesmo assim, mesmo acompanhando, hoje preferi estar aqui no estádio, com certeza, para apoiar o nosso estado e o nosso time de coração”, reforça. E quanto ao resultado da Champions? Wesley arrisca um palpite, mas faz questão de deixar claro onde está seu foco. “PSG com certeza, mas não quero nem olhar o celular pra ver como está.”

Outro torcedor fanático presente é Rafael Knoner, 33 anos, autônomo, que desde a adolescência tem o Operário como time do coração. “Apesar de acompanhar o futebol europeu, que dizem que está tendo final, prefiro acompanhar o Galo. Sou operariano desde 2005, quando estava na adolescência, tinha uns 15 anos. A Inter [de Milão] tem futebol, mas a gente também tem. Vamos levar essa”, afirma, confiante.

A cena no Jacques da Luz deixa evidente que, para esses torcedores raiz, a paixão pelo Operário vai muito além de qualquer competição internacional. Para eles, o mais importante é estar presente, apoiar o time e manter vivo o espírito do futebol local. Afinal, enquanto PSG e Inter de Milão brigam por um título na Alemanha, a verdadeira paixão pelo futebol para esses torcedores está aqui: o orgulho de defender o escudo do Galo de MS na luta por uma vaga na próxima fase da Série D.