3 de junho de 2025

‘Não é guerra, é genocídio’, diz Lula sobre campan…

Em meio ao anúncio de novos assentamentos israelenses na Cisjordânia e a forte pressão internacional contra a campanha militar israelense em Gaza, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, 1, que “o que estamos vendo não é guerra de dois Exércitos”, e sim “um genocídio”.

“A maioria do povo judeu não concorda com essa guerra. É uma vingança de um governo com a possibilidade de criação de um Estado Palestino”, disse o petista durante evento do PSB em Recife. “O que estamos vendo não é guerra de dois exércitos. É um exército totalmente profissional matando mulheres e crianças na Faixa de Gaza. Não é uma guerra, é um genocídio”.

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Na terça-feira, cerca de 1.200 oficiais das Forças de Defesa de Israel (FDI) condenaram a guerra na Faixa de Gaza em carta aberta ao governo e ao comando do Estado-Maior israelense. Os militares, tanto da ativa quanto da reserva, apelam para o retorno dos 59 reféns que permanecem no enclave palestino, dos quais 24 estão vivos e 35 mortos, e afirmaram que o conflito” não serve à segurança nacional de Israel e, portanto, é imoral”.

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Na semana passada, uma pesquisa publicada pela emissora Channel 12 revelou que 55% dos israelenses entrevistados acreditavam que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estava mais interessado em permanecer no poder do que em lutar pela libertação dos reféns. Além disso, 61% deles relataram querer o fim da guerra, contra 25% que apoiaram a expansão dos combates e a ocupação de Gaza.

A comunidade internacional também aumentou o furor das críticas contra operações israelenses em Gaza. A União Europeia (UE) anunciou em 21 de maio que revisará os laços comerciais com Israel devido à crise humanitária palestina. A chefe de política externa do bloco, Kaja Kallas, afirmou que Comissão Europeia, braço executivo da UE, reavaliará o Acordo de Associação UE-Israel, que regula as relações políticas e econômicas entre os dois lados através do livre comércio.

Países como a Alemanha também ameaçaram medidas devido à campanha em Gaza. O chanceler Friedrich Merz chegou a afirmar que a luta contra o grupo radical Hamas já não justifica a guerra no enclave palestino, iniciada em outubro de 2023. Trata-se de uma mudança de tom, já que o Berlim atua com cautela em críticas a Tel Aviv por “questões históricas”, segundo Merz, em referência à Alemanha Nazista.

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Novos assentamentos

Mais cedo, neste domingo, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil já havia publicado um documento criticando “nos mais fortes termos a aprovação dos assentamentos na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel.

“Essa decisão constitui flagrante ilegalidade perante o direito internacional e contraria frontalmente o parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça de 19 de julho de 2024, que considerou ilícita a contínua presença de Israel no território palestino ocupado e concluiu ter esse país a obrigação de cessar, imediatamente, quaisquer novas atividades em assentamentos e de evacuar todos os seus moradores daquele território”, diz o texto do Itamaraty.

+ Chefe da diplomacia da UE condena ‘privatização’ da distribuição de ajuda humanitária em Gaza

Parte dos 22 assentamentos anunciados já foram construídos ilegalmente e agora passam a ser considerados legais aos olhos das autoridades israelenses. Duas das 22 colônias anunciadas, Homesh e Sa-Nur, haviam sido esvaziadas em 2005 como parte do plano israelense de retirada da Faixa de Gaza. Os novos assentamentos estão distribuídos do norte ao sul da Cisjordânia, dividindo ainda mais o território.

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A ocupação do território começou em 1967, no contexto da Guerra dos Seis Dias, e é proibida pela legislação internacional, algo que Israel contesta.

No ano passado, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal das Nações Unidas em Haia, decidiu após um longo processo, que a presença de Israel em territórios palestinos como a Cisjordânia e Jerusalém Oriental é “ilegal” e apelou pelo fim da ocupação. De acordo com os 15 juízes de nacionalidades diversas, práticas como a construção e expansão de assentamentos judeus, a anexação de terras e a imposição do controle por partes de civis e militares israelenses são discriminatórias contra os palestinos.+ Alemanha sobe o tom e ameaça tomar medidas contra Israel por guerra em Gaza

Atos como esses tornam “ilegal a presença de Israel no território palestino ocupado”, disse o parecer da corte, acrescentando que todos os momentos de permanência de colonos judeus nos territórios palestinos violam a lei e que a ocupação deve ser encerrada o mais “rapidamente possível”.

Mais especificamente, a CIJ considerou que a criação de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém viola o artigo 49 da Quarta Convenção de Genebra, que diz respeito a regras contra transferências forçadas e deportação de uma população que vive em território controlado por uma Força Ocupante.

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