3 de junho de 2025

Por que as moedas emergentes voltam a brilhar no mercado global – e como isso beneficia o real

As operações de carry trade em mercados emergentes estão decolando novamente. Isso por causa da redução da volatilidade cambial em meio a sinais de que as tarifas agressivas do presidente Donald Trump podem não ser totalmente implementadas.

Um índice de retornos de carry trade — no qual um trader toma emprestado recursos em uma moeda de baixo rendimento (de um país de juros baixos) be depois investe em outra que oferece retornos mais altos (de um país onde o juro é mais elevado) — atingiu a maior alta em sete anos no final de maio. Gestores de ativos aumentaram suas posições compradas em moedas de países em desenvolvimento nas últimas semanas, com as do peso mexicano atingindo a maior alta em nove meses, com base em dados do CME Group.

“As operações de carry trade neste momento fazem sentido”, disse Ali Bora Yigitbasioglu, gestor sênior de investimentos em renda fixa da Pictet Asset Management em Londres. Dado que a Casa Branca flexibilizou algumas de suas políticas comerciais agressivas, “as moedas de carry trade estão definitivamente prontas para se beneficiar”, disse ele.

A estratégia — que apresenta melhor desempenho em períodos de baixa volatilidade — era muito popular desde 2020. A maioria das operações era financiadas no iene, de rendimento ultrabaixo. Essas posições foram repentinamente alteradas em agosto, após um aumento da taxa de juros pelo Banco do Japão, que desencadeou uma valorização da moeda.

O sentimento em relação aos carry trades aumentou nas últimas semanas, com a redução das tensões comerciais globais. Um indicador da volatilidade cambial global compilado pelo JPMorgan Chase & Co. caiu para 8,7% na sexta-feira, de 11% no início de abril.

Yigitbasioglu, do Pictet, disse que seus alvos favoritos para o carry trade incluem o peso chileno e o won sul-coreano, que provavelmente se valorizarão após a eleição de um novo presidente no país em 3 de junho.

O carry trade tem gerado um número crescente de destaques na Ásia. O dólar taiwanês disparou no início de maio, com a valorização da moeda levando a uma corrida para sair de posições usando-a como moeda de financiamento. O dólar de Hong Kong caiu para o limite inferior de sua banda de negociação no final de maio, com a queda das taxas de juros locais levando os investidores a usar a moeda como veículo de financiamento.

A perspectiva de maior flexibilização da política monetária na China significa que o yuan também “está se tornando uma moeda de financiamento muito atraente”, disse Ju Wang, chefe de estratégia de câmbio e taxas de juros para a Grande China no BNP Paribas SA em Hong Kong.

A moderação da inflação em muitas economias de mercados emergentes significa que os rendimentos reais de seus títulos estão relativamente atrativos. Essa é uma das razões pelas quais o real brasileiro figura no topo da lista de posições compradas atraentes do Goldman Sachs Group e do ING Groep.

A Invesco vê o atual ambiente global como benéfico para carry trades, com suas moedas de financiamento preferenciais sendo o euro e o dólar.

“Provavelmente há alguma desvantagem para o euro até junho, então estou feliz em usá-lo como financiador por enquanto”, disse Wim Vandenhoeck, gestor sênior de portfólio da empresa em Nova York, referindo-se à sua estratégia de operar comprado no rand sul-africano. Ele também possui posições favoráveis ​​ao real brasileiro e à lira turca financiadas em dólares, disse ele.

Uma desvantagem de tomar emprestado o dólar para financiar carry trades é o fato de as taxas de juros americanas estarem relativamente altas. Mas a perspectiva de uma maior desvalorização do dólar significa que várias moedas de alto rendimento na América Latina podem ter um bom desempenho, de acordo com a RBC BlueBay Asset Management.

“Acreditamos que financiar posições compradas em mercados emergentes em dólares americanos seja a opção mais sensata neste momento”, disse Anthony Kettle, gestor sênior de portfólio da empresa em Londres.

Principais eventos a serem observados esta semana:

1º de junho: Último turno das eleições presidenciais na Polônia; Mexicanos elegem juízes federais como parte de uma reforma judicial
2 de junho: PIB da Hungria; PIB da África do Sul; PMI industrial da China Caixin
3 de junho: Sul-coreanos elegem novo presidente após a deposição de Yoon Suk-yeol após a imposição do regime militar
4 de junho: Decisão sobre juros na Polônia; PIB e IPC da Coreia do Sul
5 de junho: Dados comerciais do Brasil; PMI de serviços da China Caixin; Dados do IPC de Taiwan, Tailândia e Filipinas
6 de junho: Decisões sobre juros na Índia, Rússia; IPC do Chile

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