O Irã planeja recusar o acordo nuclear dos Estados Unidos, disse um diplomata iraniano à agência de notícias Reuters nesta segunda-feira, 2. A declaração ocorre poucos dias após a proposta ser apresentada pelo ministro das Relações Exteriores de Omã, Sayyid Badr Albusaidi, que media as negociações entre Teerã e Washington. O plano, definido pelo funcionário como “impossível”, foi acusado de ser unilateral. Caso concretizada, a negativa aumentará as tensões entre o país do Oriente Médio e o governo de Donald Trump.
“O Irã está elaborando uma resposta negativa à proposta dos EUA, o que pode ser interpretado como uma rejeição da oferta dos EUA”, afirmou o diplomata, que é próximo à equipe de negociação do Irã, sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto. “Nesta proposta, a posição dos EUA sobre o enriquecimento em solo iraniano permanece inalterada, e não há uma explicação clara sobre o levantamento das sanções.”
Ele indicou que a avaliação do “comitê de negociações nucleares do Irã”, sob a supervisão do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, é de que a proposta é “completamente unilateral”. Por esse motivo, Teerã considera a proposta “improvável” e que o documento tenta impor um “mau acordo” ao governo iraniano através de exigências consideradas excessivas.
A sinalização iraniana contraria comentários de Trump. Na semana passada, o republicano alegou que Washington está perto de fechar acordos com o Irã, assim como outro entre Israel e o grupo radical palestino Hamas.
“Eles estão muito perto de um acordo sobre Gaza, e informaremos vocês sobre isso durante o dia ou talvez amanhã”, disse Trump ao ser perguntado sobre o status de uma proposta de cessar-fogo, desenhada pelos EUA, que Israel aceitou e que o Hamas disse estar analisando.
Em seguida, ele disse acreditar que “temos uma chance de fechar um acordo com o Irã”.
+ Trump diz que EUA estão perto de acordo com Irã, assim como Israel e Hamas
Tratativas frustradas
Já foram realizadas cinco rodadas de discussões entre o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, e o enviado do presidente Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, sobre o acordo nuclear. Não houve, contudo, qualquer avanço concreto. O Irã se recusa atender à demanda americana de que abandone o enriquecimento de urânio, possível matéria-prima para bombas nucleares, e envie para o exterior todo o seu estoque existente.
Teerã também exige a remoção de todas as sanções dos EUA. Washington, por sua vez, propõe que as penalidades relacionadas à energia nuclear devem ser removidas em fases. Diversas instituições imprescindíveis para a economia iraniana, como seu banco central e a empresa nacional de petróleo, estão na mira americana desde 2018 por supostamente “apoiar o terrorismo ou a proliferação de armas”.
Desde que Trump retirou os EUA do acordo nuclear de 2015, assinado durante o governo de Barack Obama e que limitava o enriquecimento de urânio em troca do alívio das sanções econômicas, o governo iraniano passou a acumular material em níveis próximos aos necessários para a produção de armas nucleares. O Irã alega que seu programa tem fins exclusivamente energéticos, mas países ocidentais desconfiam que esteja tentando desenvolver uma bomba atômica.
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