O Brasil está oferecendo títulos de dívida pela segunda vez em menos de seis meses. O foco são investidores que buscam diversificar seus portfólios para além dos EUA. A estratégia deles é impulsionar a alta nos ativos de mercados emergentes.
O país, que é a maior economia da América Latina, está vendendo títulos em dólar com vencimento em 2030 e retomando notas com vencimento em 2035, de acordo com um documento divulgado nesta quarta-feira (4). A projeção para o preço está em torno de 5,7% e 6,75%, respectivamente, um aperto em relação às negociações iniciais de preço, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, que pediu para não ser identificada.
Os ativos brasileiros subiram este ano em meio a uma ampla recuperação nos mercados em desenvolvimento, já que as preocupações com as políticas tarifárias do presidente Donald Trump e os temores de uma desaceleração nos EUA enfraqueceram o dólar e aumentaram as apostas de que o Federal Reserve precisará reduzir as taxas de juros.
Moedas de mercados emergentes
A maioria das moedas de mercados emergentes valorizou em relação ao dólar em 2025: o real, que desvalorizou 21% no ano passado, é um dos que apresentou melhor desempenho, com alta de mais de 9% desde janeiro.
“Faz sentido que eles venham ao mercado”, disse Eduardo Ordonez, gestor de portfólio de dívida da BI Asset Management em Copenhague. “Há uma janela, a renda fixa se estabilizou um pouco nos EUA e o planejamento financeiro do Brasil precisa demandar financiamento para cobrir o déficit fiscal.”
Embora os ativos brasileiros tenham se recuperado este ano com os mercados emergentes, os crescentes problemas fiscais do país pesaram sobre o sentimento.
A Moody’s Ratings rebaixou a perspectiva de crédito do Brasil de positiva para estável na sexta-feira (30), citando expectativas de déficits fiscais maiores, progresso mais lento nas reformas estruturais e pressão orçamentária devido às altas taxas de juros.
O Brasil vendeu títulos em dólar pela última vez em fevereiro, quando ofereceu US$ 2,5 bilhões em novas notas com vencimento em 2035. BNP Paribas, Citigroup e Santander estão conduzindo a nova venda. A data antecede o vencimento na sexta-feira dos títulos de US$ 1,75 bilhão com vencimento para 2025.
Também se prepara para ser um dia movimentado para as vendas de títulos latino-americanos em geral, com a siderúrgica brasileira Gerdau, a argentina Vista Energy e a mexicana Cemex acessando os mercados internacionais.
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