Pelo menos 27 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos nesta terça-feira, 3, depois que soldados israelenses abriram fogo contra uma multidão que caminhava em direção a um novo centro de distribuição de alimentos no sul da Faixa de Gaza, disseram as autoridades de saúde locais.
O porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Hisham Mhanna, disse que seu hospital em Rafah recebeu 184 feridos, 19 dos quais foram declarados mortos ao chegar e outros oito morreram posteriormente em decorrência dos ferimentos.
O Exército de Israel afirmou que suas tropas abriram fogo contra um grupo de pessoas “suspeitas” que desviou da rota de acesso designada perto do centro de distribuição em Rafah e que não respondeu aos tiros de advertência. O ataque aconteceu a cerca de meio quilômetro do local de distribuição de alimentos.
Ajuda humanitária
A ajuda humanitária em Gaza agora está sendo distribuída pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), um grupo privado americano apoiado por Israel e pelos Estados Unidos.
A GHF afirmou estar ciente dos relatos de tiros “muito além” da área de distribuição de ajuda humanitária na terça-feira, alegando que o local de distribuição em si operou “com segurança” durante toda a manhã.
A Fundação Humanitária de Gaza informou ter distribuído 21 caminhões de alimentos na terça-feira — número muito menor do que os 600 caminhões que entravam diariamente na Faixa de Gaza durante o período de cessar-fogo no início deste ano.
Israel alega que o novo sistema é necessário para impedir que o Hamas roube e armazene alimentos com o objetivo de financiar a guerra vendendo ajuda humanitária a civis a preços elevados.
Na semana passada, as Nações Unidas criticaram o novo sistema de distribuição de ajuda humanitária no enclave palestino, classificando-o como “uma distração do que é realmente necessário”.
Fome e insegurança alimentar
A população da Faixa de Gaza, composta por 2,3 milhões de pessoas antes da guerra, está em “risco crítico” de fome e enfrenta “níveis extremos de insegurança alimentar”, apontou um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiada por agências das Nações Unidas, grupos de ajuda e governos.
O documento indicou que o cessar-fogo, que durou de janeiro a março, “levou a um alívio temporário” em Gaza, mas as novas hostilidades israelenses “reverteram” as melhorias. Cerca de 1,95 milhão de pessoas, ou 93% da população de Gaza, vivem níveis de insegurança alimentar aguda. Desse número, mais de 244 mil enfrentam graus “catastróficos”. A fome generalizada, segundo a pesquisa, é “cada vez mais provável” no território. No momento, meio milhão de palestinos, um em cada cinco, estão famintos em Gaza.
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