O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, criticou nesta quarta-feira, 4, uma proposta dos Estados Unidos que visa conter esforços nucleares de Teerã, exigindo independência em meio a relatos de que Washington teria interesse em se envolver no programa nuclear iraniano.
“A primeira palavra dos EUA é que o Irã não deve ter uma indústria nuclear e deve depender dos Estados Unidos”, disse Khamenei a uma multidão reunida em Teerã para marcar a morte do imã Khomeini, fundador do Irã. “Nossa resposta ao absurdo dos EUA é clara: eles não podem fazer absolutamente nada nessa questão”.
Após rodadas de negociações, que não avançaram em meio a divergências profundas entre as partes, os EUA enviaram uma proposta de acordo nuclear no último sábado. Segundo a emissora americana CNN, o documento sugere que Washington poderia investir no programa de energia nuclear civil do Irã e se juntar a um consórcio, que incluiria países do Oriente Médio e a Agência Internacional de Energia Atômica, que supervisionaria o enriquecimento de urânio de baixo nível por um período indeterminado.
Na segunda-feira, autoridades iranianas já haviam indicado à imprensa que a proposta, vista como “completamente unilateral”, seria negada.
Já foram realizadas cinco rodadas de discussões entre o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, e o enviado do presidente Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, sobre o acordo nuclear. Não houve, contudo, qualquer avanço concreto. O Irã se recusa atender à demanda americana de que abandone o enriquecimento de urânio, possível matéria-prima para bombas nucleares, e envie para o exterior todo o seu estoque existente.
Teerã também exige a remoção de todas as sanções dos EUA. Washington, por sua vez, propõe que as penalidades relacionadas à energia nuclear devem ser removidas em fases. Diversas instituições imprescindíveis para a economia iraniana, como seu banco central e a empresa nacional de petróleo, estão na mira americana desde 2018 por supostamente “apoiar o terrorismo ou a proliferação de armas”.
Desde que Trump retirou os EUA do acordo nuclear de 2015, assinado durante o governo de Barack Obama e que limitava o enriquecimento de urânio em troca do alívio das sanções econômicas, o governo iraniano passou a acumular material em níveis próximos aos necessários para a produção de armas nucleares. O Irã alega que seu programa tem fins exclusivamente energéticos, mas países ocidentais desconfiam que esteja tentando desenvolver uma bomba atômica.
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