10 de junho de 2025

Apple investe no design e mostra que ainda não encontrou seu lugar na era da IA

A Apple apresentou a reformulação de software mais abrangente de sua história, com o objetivo de tornar seus dispositivos mais coesos e úteis — ainda que sem grandes avanços na plataforma de inteligência artificial, que vem enfrentando dificuldades.

A nova interface, chamada Liquid Glass, foi anunciada nesta segunda-feira durante a conferência anual de desenvolvedores da empresa (WWDC). O visual adota menus transparentes e um estilo translúcido, transformando a aparência dos sistemas operacionais do iPhone, iPad, Mac, Apple TV, Apple Watch e do headset Vision Pro.

As mudanças fazem parte do iOS 26, watchOS 26 e visionOS 26 — versões rebatizadas para marcar o ano vigente em vez de seguir uma numeração sequencial. O sistema do iPad também foi retrabalhado para se aproximar mais da experiência de uso do Mac, um pedido antigo dos usuários.

O objetivo do Liquid Glass é oferecer uma experiência mais uniforme entre os sistemas da Apple. Mas o evento não trouxe as inovações de peso que investidores esperavam. Enquanto concorrentes como Alphabet e OpenAI continuam avançando na inteligência artificial, a Apple vem demonstrando menos foco em sua própria plataforma, a Apple Intelligence.

A principal novidade em IA foi a abertura dos modelos fundacionais da Apple Intelligence para desenvolvedores, permitindo que criem recursos próprios com base na tecnologia. A empresa também anunciou tradução simultânea de chamadas e a fusão de dois emojis para gerar um novo, por meio da função Genmoji.

Desde o lançamento da Apple Intelligence na WWDC do ano passado, a empresa tem adotado um ritmo lento para apresentar novidades — e sua tecnologia ainda está aquém da dos rivais do Vale do Silício. A expectativa, segundo a Bloomberg, é que mais inovações em IA sejam apresentadas em 2026.

A apresentação desta segunda-feira teve poucos elementos surpresa e decepcionou os investidores. As ações da Apple fecharam o dia com queda de 1,2%, a US$ 201,45. No acumulado do ano, os papéis já recuaram 20%, fazendo a empresa perder o posto de companhia mais valiosa do mundo.

Ainda assim, o evento trouxe novidades esperadas pelos fãs da marca. O sistema do iPad agora tem multitarefa aprimorada, gerenciamento de PDFs e melhorias na organização de arquivos — recursos que aproximam o tablet do uso em ambientes profissionais.

O iPhone ganhou um novo app de telefone, que integra correio de voz, chamadas recentes e contatos favoritos em uma única tela. O Vision Pro poderá fixar widgets digitais, como relógios e cotações, nas paredes do ambiente.

A Apple também reforçou sua parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT, para oferecer geração de imagens e novos recursos de IA. Além disso, apresentou um app de mapas que aprende com a rotina do usuário e um novo hub para games, que integra funções sociais e permite desafiar amigos.

O headset Vision Pro agora será compatível com os controles do PlayStation VR, da Sony — uma tentativa de atrair o público gamer. O sistema visionOS também ganhou avatares virtuais mais realistas para videoconferências.

No Apple Watch, um novo app de exercícios inclui o “Buddy”, uma função com IA que ajuda usuários a manterem a forma. Já o macOS passa a se chamar MacOS 26 Tahoe, com barra de menu translúcida e controles mais personalizáveis. O sistema também passa a permitir o uso do app de telefone do iPhone.

As versões beta já estão disponíveis para desenvolvedores. Em julho, serão liberadas em beta público, com lançamento oficial previsto para o outono (hemisfério norte).

A expectativa da empresa é oferecer mais motivos para que os consumidores continuem usando ou atualizem seus dispositivos — mesmo com os preços em alta. Diante das tarifas impostas pelo governo Trump, a Apple transferiu a produção dos iPhones destinados aos EUA para a Índia. Ainda assim, há forte expectativa de aumento nos preços. Os novos dispositivos devem ser anunciados em setembro.

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