Em pouco mais de uma década, o Labubu — um boneco de pelúcia com orelhas de coelho, grandes olhos expressivos e um sorriso enigmático — deixou o status de um personagem de livros infantis para ocupar a posição de um fenômeno global do mercado de brinquedos colecionáveis.
Criado em 2015 pelo designer e ilustrador Kasing Lung, natural de Hong Kong, o Labubu virou peça-chave na estratégia de crescimento da Pop Mart, empresa chinesa do segmento de brinquedos de grife e blind boxes (caixas misteriosas). O boneco ganhou mais popularidade quando celebridades como Rihanna, Dua Lipa e Kim Kardashian exibiram seus próprios Labubus em vídeos no TikTok.


Originalmente parte da série “The Monsters”, inspirada no folclore nórdico e em contos de fadas europeus, o Labubu passou a ser comercializado em larga escala a partir de 2019, quando a Pop Mart apostou em sua transformação em boneco colecionável.
Desde então, o personagem ganhou múltiplas versões temáticas — incluindo poses de yoga, acompanhamentos de animais e colaborações com marcas globais como Vans e Coca-Cola — o que mantém o interesse dos colecionadores e impulsiona as vendas, com preços que variam de R$ 100 a mais de R$ 5 mil para edições limitadas.
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A Pop Mart, fundada em 2010 por Wang Ning, é hoje uma das empresas mais valiosas do setor de brinquedos, com US$ 42 bilhões em valor de mercado na Bolsa de Hong Kong, superando em quase três vezes o combinado das tradicionais Mattel e Hasbro. Para dar uma ideia do que essa patamar significa: o valor somado de todas as ações da Vale, terceira maior empresa do Ibovespa, é menor do que isso: US$ 41 bilhões.
Ou seja: se a Pop Mart fizesse parte da bolsa brasileira, só perderia em valor de mercado para Petrobras (US$ 69 bi) e Itaú (US$ 66 bi).
Em 2024, a linha “The Monsters”, da qual Labubu é protagonista, respondeu por cerca de 25% do faturamento da empresa, gerando receitas superiores a US$ 420 milhões e expandindo sua presença para mais de 20 países. O crescimento acelerado refletiu-se em uma valorização das ações da Pop Mart, que subiram mais de 500% nos últimos 12 meses.
O modelo de negócios da Pop Mart se apoia na inovação das blind boxes, que exploram o apelo do colecionismo e da surpresa, criando uma comunidade global de fãs engajados. Wang Ning, CEO e fundador, também tem investido na internacionalização da produção, com fábricas no Vietnã, para reduzir o impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses, reduzindo custos e ampliando a competitividade global da empresa.
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Apesar do desempenho robusto, a Pop Mart enfrenta desafios como a volatilidade das tarifas comerciais, a necessidade constante de inovação para manter o interesse do público jovem e a crescente pressão por sustentabilidade na cadeia produtiva. Ainda assim, a popularidade do Labubu e a expansão do mercado de designer toys indicam um potencial de crescimento sustentável, reforçado por parcerias estratégicas e fortalecimento da presença digital.


Tarifas de Trump
Apesar do forte crescimento da Pop Mart nos Estados Unidos, a empresa enfrenta desafios devido às tarifas comerciais impostas sobre produtos chineses, que podem chegar a 46%. Para reduzir o impacto desses custos, a Pop Mart tem transferido parte da produção para o Vietnã, onde as tarifas estão temporariamente suspensas.
O preço do Labubu, no tamanho chaveiro, subiu de US$ 22 para US$ 28 no mercado dos EUA. Mesmo com o aumento, a demanda segue alta, com vendas e interesse em expansão, incluindo a abertura planejada de 50 lojas nos EUA até o final de 2025.
Para manter a competitividade frente às barreiras tarifárias, a Pop Mart combina ajustes de preço e diversificação da produção.
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