Nove em cada dez brasileiros consideram o aumento do nível do mar uma ameaça real para as cidades costeiras, mostrou a pesquisa “Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar – Evolução de Cenários (2022–2025) divulgada nesta segunda-feira, 9. O estudo foi realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Maré de Ciência e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O nível médio do mar subiu 20 centímetros desde 1991, de acordo com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a NASA. Cerca de 85% dos entrevistados também acreditam que o aquecimento das águas do oceano influencia diretamente a ocorrência de eventos climáticos extremos, como secas e inundações.
Em meio aos efeitos da crise climática, eles estão abertos a aderir a mudanças que ajudem o meio ambiente: 87,6% afirmaram estar dispostos a trocar seus hábitos em prol da conservação marinha. Apesar das boas intenções, somente 7% da população esteve envolvida em qualquer atividade voltada à conservação do mar no último ano.
“O clima global e as condições meteorológicas dependem do oceano. Ele absorve e distribui calor pelo planeta por meio das correntes marítimas e influencia diretamente a formação de chuvas, frentes frias, furacões e outros eventos climáticos. Portanto, cuidar do oceano é cuidar do planeta, cuidar da nossa casa”, afirmou Ronaldo Christofoletti, co-presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da UNESCO.
“É como se o oceano estivesse febril”, acrescentou ele, que também é professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em referência ao aumento da temperatura média das águas oceânicas desde março de 2023.
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Efeitos e atitudes destrutivas
Para 84% dos entrevistados, o oceano e seus ecossistemas estão sob ameaça ou risco devido à poluição (citada por 40%), efeitos da mudança climática (22%), perda da biodiversidade e turismo irresponsável (13%) e crescimento urbano e especulação imobiliária (11%). Quase metade da população (49%) reconhece que o oceano impacta diretamente sua vida, ao passo que 19% falam em impactos indiretos e 29% dizem não sentir nenhuma influência.
Entre os principais efeitos sentidos, estão alimentação (20%), água (14%), qualidade de vida e bem-estar (14%), mudança climática (14%) e aquecimento global (14%). Na edição anterior do levantamento, publicada em 2022, os destaques foram poluição (14%) e alimentação (12%). Além disso, os entrevistados elencaram quais são as atitudes humanas mais destrutivas: descarte de lixo (30%), poluição (29%), embalagens (8%), reciclagem (8%), consumo (8%), geração de resíduos (7%), aquecimento global (6%) e consumo de água (6%).
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