11 de junho de 2025

Após ser interceptado, barco com ativista brasilei…

O barco Madleen, que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza, chegou ao porto de Ashdod nesta segunda-feira, 9, um dia após ser interceptado por forças israelenses. A missão contava com a participação de 12 tripulantes, incluindo o ativista brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg. O grupo buscava romper o bloqueio israelense, que há meses impede a entrada total de ajuda humanitária no enclave palestino.

“Acabamos de receber a confirmação de que todos os 12 voluntários do ‘Madleen’ estão atualmente no Porto de Ashdod. Eles estão sendo processados e transferidos para a custódia das autoridades israelenses”, informou a Coalizão Flotilha da Liberdade, responsável pela missão, em comunicado.

“A expectativa é que sejam levados para o centro de detenção de Ramleh, a menos que concordem em sair imediatamente; nesse caso, podem ser autorizados a embarcar em um voo a partir de Tel Aviv já esta noite. Continuamos a exigir a libertação imediata de todos os voluntários e a devolução da ajuda humanitária roubada. Sua detenção é ilegal e constitui uma violação do direito internacional”, acrescentou o texto.

Mais cedo, a imprensa israelense relatou que o Madleen e sua tripulação estavam a caminho de Ashdod, onde os ativistas serão mantidos em confinamento solitário por ordem do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir. O grupo também será obrigado a assistir vídeos dos ataques do grupo palestino radical Hamas de 7 de outubro de 2023, data que marca o início da guerra na Faixa de Gaza.

Greta Thunberg, ativista sueca, no porto de Ashdod, em Israel. 09/06/2025
Greta Thunberg, ativista sueca, no porto de Ashdod, em Israel. 09/06/2025 (@gazafreedomflotilla/Instagram)
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+ ‘Preparado para o pior’: o que ativista brasileiro disse a VEJA antes de Israel interceptar barco

Posicionamento do Itamaraty

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirmou que “o governo brasileiro acompanha com atenção a interceptação, pela marinha israelense, da embarcação Madleen, que se dirigia à costa palestina para levar itens básicos de ajuda humanitária à Faixa de Gaza”. O Itamaraty também instou Israel a “libertar os tripulantes detidos”, destacando “o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais”.

(O governo brasileiro) sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante”, disse. “As Embaixadas na região estão sob alerta para, caso necessário, prestar a assistência consular cabível, em consonância com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.”

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+ Brasil pede libertação de ativistas detidos por Israel em navio

‘Preparado para o pior’, disse Ávila a VEJA

Após dias sendo vigiada por drones, a embarcação foi interceptada neste domingo, 8, pelas forças de Israel. Todos os seus tripulantes foram rendidos e levados. Entre eles, estava o brasileiro Thiago Ávila, coordenador internacional da Coalizão da Flotilha da Liberdade.

Com o barulho do mar ao fundo, Thiago conversou com a reportagem de VEJA na última quinta-feira, 5, sobre os perigos de levar um pequeno barco a vela lotado de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde quase toda a população enfrenta “risco crítico” de fome. Na ocasião, ele adiantou que não se surpreenderia diante do episódio que veio a cabo três dias depois, no domingo, e disse estar preparado para o pior.

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“O maior perigo é um ataque, um ataque que Israel já fez há um mês contra o barco Conscience“, disse Ávila, em referência à embarcação humanitária atingida por drones israelenses na costa de Malta no início de maio. “A gente sabe que Israel tem poder para isso. Mas eu garanto que se Israel nos ataca, se nos prende, se nos faz mal, em pouco tempo a gente vai ter uma nova flotilha, não com duas pessoas, mas com 120 ou com 1.200 pessoas.”

“São quatro grandes cenários: ser derrotado no porto pela guerra burocrática; chegar próximo e ser interceptado, sequestrado, levado para Israel e depois deportado; ataque direto, como já aconteceu há um mês e há 15 anos; ou chegar em Gaza, cumprir a missão humanitária e depois retornar para conseguir trazer ainda mais alimentos em outra viagem”, continuou. “Nossa equipe é treinada para saber responder bem a essas situações de emergência. De longe, um ataque é o pior cenário. Estamos preparados para o pior.”

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