O empresário Nelson Tanure está em uma verdadeira peregrinação para tentar assumir o controle da Braskem. Nos últimos dias, o empresário baiano radicado no Rio de Janeiro iniciou conversas com bancos considerados essenciais para viabilizar sua proposta pela petroquímica, entre eles Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES.
Seu objetivo é fechar o acordo ainda este ano e ampliar a participação da Petrobras na gestão da empresa. “O diálogo está em curso. Acredito que, se chegarmos ao fim do ano com tudo resolvido, será uma grande vitória”, disse o empresário à Reuters.
Desde que anunciou seu interesse pela Braskem no mês passado, Tanure busca resolver um impasse complexo envolvendo a Novonor (atual controladora), os credores da empresa e a Petrobras – acionista relevante e principal fornecedora de matéria-prima da petroquímica.
Segundo Nelson Tanure, as primeiras conversas com a Novonor começaram em sigilo absoluto após o fracasso das negociações com a Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), há mais de um ano. “Venho pesquisando essa empresa há muito tempo. Após a desistência da ADNOC, comecei a conversar com eles em absoluto sigilo”, contou.
Na proposta atual, a Novonor reduziria sua participação de 38,3% (50,1% em ações com direito a voto) para cerca de 3,5%, mantendo-se, no entanto, envolvida na operação. “Eu não faria um acordo se eles não permanecessem envolvidos”, destacou Tanure.
Porém, Tanure enfrenta ceticismo significativo dos principais bancos credores, que têm as ações da Novonor como garantia para uma dívida que ultrapassa R$ 15 bilhões.
Para que a operação faça sentido, os credores precisariam aceitar um desconto substancial nessa dívida. O mercado também questiona a capacidade financeira de Tanure para concluir a transação.
Durante a Lava Jato, a Novonor – então Odebrecht – colocou suas ações na Braskem como garantia dos empréstimos. Hoje, o valor dessas ações cobre menos de um quarto da dívida total.
Papel dos bancos
Tanure reconheceu que o apoio dos bancos é vital, ressaltando, porém, que eles não têm controle efetivo sobre a empresa. “As ações são detidas pela Novonor e apenas estão em alienação fiduciária para garantir empréstimos”, explicou.
Procurados, Novonor, BNDES e Petrobras não comentaram o assunto. Porém, na semana passada, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, já havia sinalizado interesse em maior participação da estatal na gestão da petroquímica.
Caso consiga concluir o acordo, Tanure defende uma presença mais forte da Petrobras na operação da Braskem. “A presença da Petrobras é pequena e precisa ser ampliada. A Petrobras tem senioridade e know-how de gestão comparável às melhores do mundo”, afirmou.
As ambições do empresário também incluem transformar o polo petroquímico de Camaçari, na Bahia, em um grande centro de inovação sustentável. “O Brasil tem potencial para desenvolver a indústria petroquímica verde, e a Bahia é o lugar mais bem posicionado para ser esse polo”, concluiu Tanure.
Tanure, conhecido por investir em empresas que enfrentam dificuldades financeiras, é hoje controlador da Prio, maior petroleira privada do Brasil e concorrente direta da Petrobras. Sua trajetória inclui investimentos considerados de risco, como a aquisição da companhia de energia Light, que enfrenta uma recuperação judicial com dívida superior a R$ 15 bilhões.
(Com Reuters)
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