Mundo falha em erradicar trabalho infantil, que ai…

Quase 138 milhões de crianças permaneciam em situação de trabalho infantil em 2024, segundo relatório divulgado pelas Nações Unidas nesta quarta-feira, 11. O estudo conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo da ONU para a Infância (Unicef) mostra que, no ritmo atual, a erradicação do trabalho infantil ainda levará centenas de anos.

A meta de eliminação total da questão até 2025 foi estabelecida em 2015, quando as Nações Unidas adotaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dez anos depois, de todas as crianças afetadas, 54 milhões atuam em condições perigosas, inclusive em minas e outros ambientes insalubres. O número representa 7,3% da população mundial entre 5 e 17 anos.

“O prazo chegou ao fim. Mas o trabalho infantil não”, resume o relatório publicado a cada quatro anos.

Tendência de queda

Apesar disso, o número de crianças afetadas caiu de 246 milhões em 2000 para 137,6 milhões no ano passado. A redução é vista como um avanço para o diretor-geral da organização, Gilbert F. Houngbo.

“As conclusões do nosso relatório oferecem esperança e mostram que o progresso é possível”, declarou. Ele alertou, no entanto, que resta um “longo caminho a percorrer”. “As crianças devem estar na escola, não trabalhando”, enfatizou.

O relatório reforçou que o fim do trabalho infantil não pode ser alcançado sem a consideração sobre as condições que levam as famílias a autorizar, ou incentivar, seus filhos a participarem de atividades econômicas. Geralmente, crianças vítimas desse sistema enfrentam dificuldades para acessar a educação, o que, por sua vez, compromete suas oportunidades futuras e cria um ciclo de pobreza e privação.

A Unicef e a OIT pediram no documento soluções políticas integradas que funcionem em todos os setores governamentais, abordando o problema de uma perspectiva educacional, econômica e social.