13 de junho de 2025

Ex-vereador Claudinho Serra é apontado como chefe de esquema fraudulento

Nos documentos, conta pagamento de R$ 75 mil, em dinheiro, entregue ao pai do ex-vereador Claudinho Serra

Esquema fraudulento deveria "abençoar Claudinho", mostra 4ª fase de operação
Claudinho Serra lê a Bíblia durante sessão da Câmara Municipal dos Vereadores, na Capital, na última legislatura (Foto/Arquivo)

“Chefe”, “CF” ou “Claudinho” é citado em várias passagens da investigação que apura fraudes em licitações da prefeitura de Sidrolândia, a 71 quilômetros de Campo Grande. Nos documentos, fragmentos de conversas seriam indicativo de que o ex-secretário Municipal de Finanças daquele município, Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, o Claudinho Serra, ex-vereador de Campo Grande, é apontado como chefe do esquema apurado na Operação Tromper.

Claudinho Serra, ex-secretário de Finanças de Sidrolândia (MS), é apontado como o chefe de um esquema de fraudes em licitações. Investigações da Operação Tromper 4 revelaram conversas e repasses de dinheiro que indicam sua participação no esquema. Em uma das conversas, a frase “abençoar Claudinho” sugere interferência política em licitações. Outro trecho mostra o pai de Serra recebendo R$ 75 mil, supostamente dinheiro desviado. A operação apura fraudes em licitações como a reforma da Praça do Triângulo, reforma de escola municipal, drenagem no Jardim Santa Marta e cascalhamento. Empresas ligadas ao mesmo grupo econômico simulavam competição e documentos eram ajustados para garantir a vitória de empresas específicas. Um aditivo de R$ 711 mil em um contrato teria sido usado para distribuir propina. A defesa de Serra alega que não há fatos novos que justifiquem sua prisão.

Na última fase, a Operação Tromper 4, a frase “abençoar Claudinho” aparece como indício da “interferência externa e movimentações políticas relacionadas à licitação”.

Em outro trecho, aparece negociação ocorrida em setembro de 2022, quando o pai de Claudinho Serra recebe R$ 75 mil, dinheiro atribuído ao esquema fraudulento. “Acabei de deixar na mão dele”, diz Thiago Rodrigues Alves, que, conforme investigação, seria intermediador entre empresários e fornecedores e foi responsável de deixar a “encomenda do Claudinho”. Em resposta, depois de confirmar o repasse, a mensagem do ex-vereador foi curta. “Chique”, respondeu.

Por conta dos desdobramentos da investigação, Claudinho Serra foi preso no dia 5 de junho, nesta 4ª fase da operação. Ontem, teve o habeas corpus negado pela Justiça.

O advogado Tiago Bunning, que representa Claudinho Serra, diz que não existe fato novo que embase a nova prisão, sendo material referente aos anos de 2022 e 2023. “Não tem nenhum indício de dilapidação do patrimônio, de ocultação de bens, de lavagem de dinheiro, nada depois que a investigação foi deflagrada contra ele no ano passado, em 3 de abril”, disse.

Esquema fraudulento deveria "abençoar Claudinho", mostra 4ª fase de operação

Licitações – No pedido de prisão feito pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e deferido pelo juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, consta que os elementos foram descobertos depois do dia 16 de março de 2024, “razão pela qual não integraram a análise anterior do juízo quanto à prisão preventiva”.

Um organograma foi apresentado, mostrando qual seria a atuação de cada investigado nos núcleos empresarial, financeiro, administrativo e de apoio, o último, com os “laranjas”. A reportagem ocultou o nome dos citados que não tiveram mandado de prisão ou de busca e apreensão deferido pela Justiça na Operação Tromper 4.

O documento investigativo cita pelo menos três licitações que teriam sido direcionadas para beneficiar comparsas e garantir pagamento de propina. Uma delas é a reforma da Praça do Triângulo, em 2022, em que a empresa ganhou o certame por R$ 217.519,63, sendo que o valor de referência era de R$ 219.210,92.

“Hipoteticamente, esses agentes teriam combinado, antes mesmo da abertura oficial do processo, quem seria o vencedor da obra”, relata o documento investigado do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), com apoio do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). “Para conferir aparência de legalidade, teriam sido utilizadas empresas distintas, mas supostamente pertencentes ao mesmo grupo econômico, com o objetivo de simular uma competição. Além disso, haveria indícios de que documentos vencidos teriam sido posteriormente ajustados, e que os valores das propostas foram previamente combinados, de forma a parecer uma disputa legítima”.

Na apuração deste certame que a frase “abençoar Claudinho” aparece, sendo dita em uma conversa entre Thiago Rodrigues Alves e Valdemir Monção, o “Nanau”, representante de empreiteira.

Em outro trecho, que não está claro se refere-se à licitação da praça, “Nanau” e Thiago demonstram confusão de qual empresa foi efetivamente protocolada, o que indicaria controle das propostas. “Então você da **” e “Se essa der B.O, dá merda”, segundo MPMS, “indicam uma tentativa deliberada de simular concorrência com empresas ligadas ao mesmo grupo econômico (…)”.

Outras licitações citadas são da reforma de escola municipal, da drenagem de águas pluviais no Jardim Santa Marta e de cascalhamento e aditivos contratuais. A última, segundo a investigação, o aditivo de R$ 711 mil “foi utilizado como justificativa para a distribuição de propina a agentes públicos”.

No documento, consta que “o repasse físico de valores é confirmado em 04 e 05 de outubro de2022, quando Cláudio orienta que Thiago entregue R$ 75 mil em espécie ao seu pai, no condomínio Damha”.

Na continuação, a investigação aponta que “(….) A conduta de CLÁUDIO SERRA FILHO é caracterizada por: comando direto sobre o aditivo; Combinação explícita do valor da propina com os empresários; Intervenção nos trâmites administrativos para viabilização do contrato; Recebimento de valores em espécie; Gerência logística dos pagamentos, inclusive envolvendo terceiros. Há elementos de informação que sugerem uma estrutura organizada de fraude, com planejamento técnico direcionado, pagamentos atrelados à execução da obra e controle político-administrativo sobre o fluxo”.

Em nota, a atual gestão da prefeitura de Sidrolândia informou que não há qualquer mandado expedido ou direcionado pela 4ª fase da Operação Tromper expedido para atual gestão.

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