Cantor relatou em audiência na Câmara dos Deputados experiência de caça vivida na infância em fazenda de MS
O cantor Ney Matogrosso revelou, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, que uma experiência de caça vivida na infância em Mato Grosso do Sul foi decisiva para sua conscientização ambiental. Natural de Bela Vista (MS), a 324 km de Campo Grande, o artista disse que o episódio o fez “mudar de visão” e o levou a criar uma reserva ambiental anos depois.
Ney Matogrosso defendeu o aumento das penas para crimes contra animais silvestres em audiência pública na Câmara. O cantor relatou experiência de caça na infância, em Mato Grosso do Sul, que o levou a criar uma reserva ambiental no Rio de Janeiro. Aos 12 anos, ele presenciou caçadores atirando em macacos sem intenção de consumo, apenas “treinando a pontaria”. A experiência o motivou a transformar uma fazenda em Saquarema (RJ) em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, onde mais de 5 mil animais silvestres já foram soltos. O projeto de lei em discussão prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão para maus-tratos contra animais silvestres.
O relato foi feito na quarta-feira (11) durante discussão sobre o projeto de lei que prevê o aumento das penas para crimes contra animais silvestres. A proposta, do deputado Marcelo Queiroz (PP-RJ), pretende equiparar a proteção legal de animais da fauna brasileira à já existente para cães e gatos domésticos.
Ney contou que, aos 12 anos, acompanhou o avô em uma caçada em uma propriedade rural sul-mato-grossense. “Eu imaginava, na minha cabeça de criança, que era caçar um bichinho para comer, porque isso era muito comum. Não foi o que eu vi…”, disse o artista.
Ele explicou que, em um determinado momento, o grupo de cinco caçadores atirou em um grupo de animais sem a intenção de se alimentar. Segundo ele, “Aquilo não era uma caça, era uma mortandade”.
“Ali eu conheci a loucura humana. Eles começaram a atirar em macacos e eu não entendi aquilo, porque eles não iam comê-los”, contou o cantor. “Eles estavam treinando a pontaria. Eu vi mães, com filhos no colo, colocando a mão na frente, que nem gente, para defender os filhotes”, relembrou Ney.

Anos depois, essa vivência motivou Ney a transformar uma fazenda de 26 hectares em Saquarema (RJ), região de Mata Atlântica, em uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural). O processo de criação da reserva levou dez anos e foi oficializado em 2010. Desde então, o espaço é usado para a soltura de animais silvestres, em parceria com o Instituto Vida Livre. “Não há coisa melhor do que ver os animais sendo soltos e voltando para a floresta. Já soltamos mais de 5 mil indivíduos lá”, contou.
O projeto de lei discutido na Câmara propõe pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa e perda de licenças, para quem cometer maus-tratos contra animais silvestres — um aumento significativo frente à pena atual de seis meses a um ano. A punição pode ser agravada se o crime for contra espécies ameaçadas ou em áreas de conservação.
“Eu apoio totalmente esse projeto. Enquanto as pessoas não se sentirem ameaçadas, elas não vão mudar”, declarou Ney Matogrosso, reforçando a importância de endurecer a legislação como forma de preservação ambiental.
Caso aprovado, o projeto também permitirá a utilização de ferramentas como interceptações telefônicas em investigações sobre crimes contra a fauna silvestre. Atualmente, esses crimes são considerados de baixo potencial ofensivo, o que dificulta ações mais efetivas por parte das autoridades.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
More Stories
Mega-Sena acumulada pode pagar R$ 100 milhões neste sábado (14)
campanha nacional de doação de sangue nesse sábado, 14 de junho
dupla rouba S10 branca em Ponta Porã nessa sexta, 13