15 de junho de 2025

Opinião WSJ: Irã – um erro de cálculo atrás do outro

As ondas de ataques continuam, mas Israel já conseguiu contra as Forças Armadas do Irã o que fez contra o Hezbollah em setembro: uma decapitação. Praticamente toda a cúpula do Exército iraniano e da Guarda Revolucionária foi eliminada, e quanto mais tempo o Irã demora para se reorganizar, mais perde de seus programas de mísseis balísticos e nuclear.

“Não existem guerras sem custo”, alertou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aos israelenses na sexta-feira (13). O Irã conseguiu atingir algumas cidades israelenses com alguns poucos mísseis, entre os muitos que disparou. Mas uma série de erros levou Teerã ao cenário catastrófico que sempre buscou evitar: uma guerra aberta com Israel, sem o apoio de seus aliados e antes de possuir armas nucleares.

Durante meses, o presidente Trump deixou claro que queria evitar um confronto militar e fechar um acordo nuclear. Praticamente implorou para que o regime aceitasse um entendimento. Seu enviado, Steve Witkoff, fez uma oferta generosa — até demais — que teria permitido ao Irã continuar enriquecendo urânio em território doméstico por alguns anos.

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O aiatolá Ali Khamenei rejeitou a proposta de imediato. “Quem são vocês para decidir se o Irã deve ter enriquecimento?”, questionou. Os iranianos, ao que tudo indica, acharam que não pagariam preço algum por ultrapassar o ultimato de 60 dias de Trump e sua linha vermelha sobre o enriquecimento nuclear. Presumiram que, enquanto mantivessem as negociações, poderiam enrolar Trump, que os protegeria de Israel.

Acharam que quem dava as cartas era Tucker Carlson e que os EUA recuariam a cada provocação? No dia final do prazo, o Irã anunciou que começaria o enriquecimento em uma instalação secreta, mais uma violação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

Teerã subestimou Trump, que conhecia o plano de Israel, mas preferiu não expô-lo nem bloqueá-lo. Agora, os democratas o criticam por isso. Outro presidente talvez tivesse impedido a campanha de Israel para eliminar a espada de Dâmocles iraniana que pairava sobre Israel e também sobre os EUA. Em vez disso, Trump manteve uma postura flexível o suficiente para apoiar o ataque após os primeiros sucessos.

O Irã também subestimou Netanyahu, cuja aposta em Trump deu resultado. Depois dos ataques diretos de mísseis balísticos contra Israel em abril e outubro de 2024 — todos interceptados —, Netanyahu não se deu por satisfeito, como Biden havia aconselhado. Ele eliminou as principais defesas aéreas do Irã, criando a janela para a campanha aérea de hoje, com Trump no poder.

Esse erro não forçado do Irã serviu como um ensaio para a Força Aérea de Israel, assim como todas as missões contra os Houthis no Iêmen. Valeu a pena, para o Irã, ter usado seu proxy no Iêmen para mandar israelenses aos abrigos, mas sem atingir nada?

O Hezbollah, com seu enorme arsenal iraniano, deveria ser o seguro do Irã. Se Israel atacasse o programa nuclear, o grupo libanês deveria chover mísseis sobre Tel Aviv. Em vez disso, o Hezbollah passou 10 meses após 7 de outubro de 2023 disparando contra cidades vazias no norte de Israel, até ser esmagado por Netanyahu. Hoje, o Hezbollah não tem condições de ajudar o Irã a lutar ou dissuadir Israel.

A guerra no Oriente Médio iniciada pelo Irã está se transformando em uma derrota histórica. O que começou no sul de Israel com os esquadrões da morte do Hamas — financiados, armados e treinados pelo Irã — está terminando em Teerã, Natanz, Isfahan e, esperamos, em Fordow. Destruir a instalação de enriquecimento de Fordow, construída sob uma montanha, provavelmente exigirá aviões americanos, mas deixá-la intacta seria um erro, como apagar apenas metade de um incêndio.

Trump diz que o Irã tem uma última chance de um acordo. Então, que tal esta proposta? Desmonte Fordow e o resto do programa de enriquecimento agora ou perca tudo — e muito mais — pela força. O Irã não tem as cartas na mão, e seus líderes fariam bem em aceitar esse acordo. Mas, se a história serve de guia, eles vão recusar e sofrer novas derrotas.

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