Rosa e a família foram escolhidos por um projeto da criadora de conteúdo dos Estados Unidos, Marina Benício

Após meses de espera e ansiedade, enfim os olhos de Rosa Rodrigues da Silva podem, enfim, ver o início da construção da nova casa. O imóvel foi demolido após a moradora do Tijuca II ser escolhida em um projeto “O Amor Pode Curar” da influenciadora Marina Benício, dos Estados Unidos, em novembro de 2024. Com dificuldades para achar parceiros para a obra, Marina teve que pagar os materiais e dar início à obra.
O Lado B foi conferir de perto o andamento dessa história, já contada pela editora e que você confere por esse link. A família de Rosa, composta por três filhos, um marido e um neto, está morando em um apartamento na região, cedido por um voluntário. A permanência no local precisou ser vivida com paciência, já que eles nunca moraram em um.

Rosa conta que não vê a hora de voltar ao terreno cedido pelo irmão. A antiga residência era bastante humilde e as paredes foram erguidas pelo próprio marido dela.
Aos 47 anos, ela caminha pela laje e observa de pertinho cada nova placa sendo fixada. Tímida, ela comenta poucas palavras. “Estou feliz. Sou dona de casa por conta da minha filha que tem necessidades, precisa de mim. Nunca morei em apartamento, não vejo a hora de voltar, tô doida para vir.”
Um dos motivos de a moradora ter sido escolhida pelo projeto foi devido à história de vida com a filha, Lavínia, que tem paralisia cerebral. Como ela anda de cadeira de rodas, o amparo da família precisa ser integral.
Segundo a influenciadora Marina, o relato tocou o coração dela e não houve dúvidas de que essa família receberia uma nova casa. O que ela não contava era que o projeto seria ainda mais desafiador e que ela precisaria demolir o imóvel.
“Essa obra foi um desafio porque o intuito não era demolir, essa é a única casa que fizemos isso no projeto. Mas o engenheiro avaliou e viu que não tinha condições de reforma. A casa da dona Rosa era pra ser uma reforma, não uma construção do zero. Aqui era uma ‘estufa’ e não tinha como. Deu muita preocupação, muita gente duvidando e desconfiando de mim por isso.”
Ela explica que a demora se deu pelo material que escolheu usar na construção, placa cimentícia, e a falta de mão de obra. “Tudo o que tem aqui nós compramos. É uma tecnologia nova. Primeiro precisávamos encontrar um lugar que tivesse isso pra fazer. Isso demora para fabricar, não tem a entrega pronta. Viemos mês passado e ficamos 3 dias só procurando o lugar para comprar. Compramos, eles entregaram metade do material e, dia 30, entregaram o restante e finalizamos.”
A meta dela é terminar de erguer as paredes e tudo ainda em junho. “Preciso terminar, é uma loucura. Moro em São Paulo e, toda vez, preciso vir resolver coisas. Já lancei o próximo projeto, que vai ser por lá mesmo. As pessoas já estão fazendo a inscrição. Assim que terminar aqui, começamos lá.”

Assim que anunciou a casa em Campo Grande, a influenciadora sofreu uma chuva de críticas nas redes sociais. Ela pontua que, embora seja complicado lidar com os xingamentos, não se abala.
“Todas as vezes que você resolve ajudar o próximo, você desperta algo em pessoas que insistem em tentar fazer você parecer o que você não é. Nos EUA, eu ajudei 13 famílias. Não é de hoje que faço isso. Eu vim para continuar fazendo um projeto que nasceu no meu coração. Dona Rosa é a segunda casa no Brasil. A primeira foi em Minas. Eu uso a minha voz na internet para fazer recursos para esse projeto, mas, quando não vem, eu pago.”
Sobre a falta de mão de obra, ela comenta que, em Minas, o pai a ajudou a encontrar pessoas que realizaram a reforma da primeira casa. “Quando terminei lá, abri o projeto para todos do país e Deus tocou no meu coração de que seria a dona Rosa. Quando vi a situação da Lavínia, eu escolhi.” Segundo ela, o material escolhido é mais ecológico, resistente e mais barato que os tijolos convencionais.


O engenheiro responsável, Diego Almeida Muniz, reafirma que, antes, a casa era de terra batida na cozinha e que não havia estrutura adequada para conseguir reformar. “Não tinha nenhuma condição. Optamos por construir com esse material. Resolvemos deixar a árvore onde a Lavínia gosta de ficar na frente da casa. Vai ter jardim e recuamos o imóvel no terreno.”
Quem vê a área onde está sendo construída a casa desconfia que ela seja menor que o esperado, mas Diego pontua que o tamanho é de uma casa funcional, que vai atender às necessidades básicas da família com acessibilidade.
“Parece pequena, mas quando sobe a alvenaria mostra melhor. Não é uma mansão, é uma casa que atende às necessidades deles hoje e bem melhor que a antiga que eles tinham. Os cômodos podem até ser que antes fossem maiores, mas a habitabilidade não.”

Isabella Lolli Ghetti, arquiteta, pontua que, antes, a casa era um puxadinho, uma casa adaptada, e que a cozinha não tinha vedação para chuva ou banheiro em que a Lavínia pudesse entrar com a cadeira de rodas.
“Era um espaço muito pequeno com um chuveiro com uma bacia. Eles davam banho nela do lado de fora. Eles tinham só um tanque que servia de pia do banheiro, da cozinha e para lavar roupa. O esgoto era precário. Vai ser uma casa acessível e agora ela vai poder transitar em todos os cômodos. Vai ter dois quartos, sala, cozinha e um banheiro totalmente adaptado. Vai ser uma casa funcional, com espaço. Ela vai poder estar na cozinha, porque antes não existia essa possibilidade também.”

Segundo ela, o projeto foi surpresa para a família, mas a equipe levou em consideração uma forma simples de melhor aproveitar o terreno, deixando espaço verde na frente.
A família sobrevive de uma pensão paga à adolescente, por conta da doença, e de “bicos” que o pai delas, Martins Antônio da Silva, de 66 anos, faz. Martins costumava trabalhar de servente de pedreiro, até perder a visão de um dos olhos. Inclusive, ele está ajudando na obra da própria casa.
No conteúdo da carta mandada para Marina, uma das filhas de Rosa, Hellen, também compartilhou o maior sonho da mãe em voltar a sorrir e conseguir morder uma maçã. Ainda no ano passado, a repercussão da história foi tão grande que tanto ela quanto o marido também ganharam implantes dentários.
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