Escondida sob uma cadeia de montanhas nos arredores da cidade sagrada de Qom, no centro do Irã, a usina nuclear de Fordow é um dos pontos mais secretos e impenetráveis do programa nuclear iraniano. A instalação subterrânea, segundo analistas militares americanos e europeus, opera a quase 90 metros de profundidade e abriga 2.700 centrífugas avançadas capazes de enriquecer urânio a 60% — um patamar que, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pode ser convertido em combustível para até nove ogivas nucleares em menos de um mês.
Revelada oficialmente em 2009, mas construída anos antes como plano alternativo à usina de Natanz, Fordow se tornou um símbolo das ambições nucleares de Teerã e um dos maiores desafios estratégicos para Israel e os Estados Unidos. Vista do espaço, parece apenas um conjunto de túneis escavados na pedra — no subsolo, entretanto, existe um dos complexos mais misteriosos do Oriente Médio.
“Fordow é um projeto que começou durante o que chamamos de programa nuclear de choque do início dos anos 2000”, disse David Albright, chefe do Instituto de Ciência e Segurança Internacional (ISIS), organização apartidária sediada em Washington, à emissora americana CNN. “A ideia era produzir urânio para armas dentro da instalação, obtendo o urânio levemente enriquecido do programa nuclear civil.”
Imagens de satélite captadas poucos dias após o mais recente bombardeio israelense, que mirou 150 alvos em uma única noite, não registraram qualquer dano visível à estrutura de Fordow. Diante do fracasso da ofensiva, Israel voltou a pressionar os Estados Unidos para ter acesso à GBU-57, uma bomba antibunker de 13 toneladas capaz de perfurar até 60 metros de concreto e rocha antes de explodir. O armamento, no entanto, só pode ser lançado por bombardeiros furtivos B-2, operados exclusivamente pela Força Aérea americana.
Embora Washington tenha fornecido armamentos avançados a Israel, até agora se recusa a liberar a GBU-57. Mesmo assim, especialistas do Royal United Services Institute alertam que seriam necessários múltiplos impactos no mesmo ponto para romper o teto da instalação.
Apesar de seu nível de proteção, Fordow segue sob vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tem alertado para o crescimento acelerado do estoque de urânio enriquecido. O Irã, por sua vez, se recusa a restabelecer os limites definidos no Acordo Nuclear de 2015, abandonado unilateralmente pelos Estados Unidos em 2018.
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