A Rússia construiu infraestruturas bélicas e reforçou a presença de tropas na fronteira com a Finlândia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental, mostraram imagens de satélites divulgadas pelo jornal americano The New York Times nesta segunda-feira, 19. Moscou ergueu diversas fileiras de tendas, novos armazéns que possivelmente guardam veículos de defesa, reformou instalações que abrigam caças e, no momento, realiza obras numa base de helicópteros inutilizada.
O NYT afirmou que a atividade sugere que são apenas “os estágios iniciais de uma expansão maior e de longo prazo”. O jornal, no entanto, apontou que a presença militar russa na fronteira é reduzida devido ao envio massivo de soldados ao campo de batalha na Ucrânia. A reportagem também citou, sob condição de anonimato, autoridades da Otan que amenizaram a situação e alegaram que não se trata da mesma movimentação nas semanas anteriores à invasão ao território ucraniano, em fevereiro de 2022.
Embora a Finlândia seja um dos membros mais jovens da Otan, tendo aderido em abril de 2023, as mudanças na divisa indicam o receio crescente de Moscou com a ameaça ocidental no quintal de casa — trata-se da maior linha de contato da aliança com a Rússia, com 1.330 quilômetros. Trata-se de um aumento das tensões na região, conturbada pela guerra e pela disputa no Círculo Polar Ártico, um ponto estratégico devido à posição geográfica privilegiada.
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Níveis ameaçadores em cinco anos
Em meio às negociações de paz para a guerra na Ucrânia, autoridades finlandesas relataram preocupações de que a Rússia deslocará as tropas para a fronteira entre os dois países. O The New York Times pontuou que Helsinque acredita ter cinco anos até que o nível de presença russa se torne ameaçador e que o contingente de soldados deve triplicar até lá.
“As forças armadas russas passaram por uma expansão significativa de efetivos”, disse Michael Kofman, membro sênior do Carnegie Endowment for International Peace, em Washington, ao NYT. “Após a guerra, a força terrestre provavelmente será maior do que antes de 2022. Observando a reestruturação planejada dos distritos militares, parece claro que eles priorizarão áreas de difícil acesso para a OTAN.”
As imagens de satélites revelaram que helicópteros russos retornaram a uma base perto de Murmansk, cidade portuária no Círculo Polar Ártico, duas décadas após sua retirada. Além deles, dezenas de aviões de guerra russos foram avistados na base aérea de Olenya, também no Ártico e a menos de 160 quilômetros da fronteira com a Finlândia. Ao mesmo tempo, cem novas tendas surgiram há cerca de um ano em Kamenka, uma base russa a menos de 64 quilômetros do território finlandês.
“Eles estão expandindo suas brigadas em divisões, o que significa que as unidades perto de nossas fronteiras aumentarão significativamente — em milhares”, alertou Emil Kastehelmi, analista do Black Bird Group, uma organização finlandesa que analisa os desenvolvimentos militares no norte e na Ucrânia, ao jornal americano.
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