Ao menos 25 palestinos morreram nesta quarta-feira, 11, após as forças israelenses abrirem fogo nas proximidades de um posto da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), grupo privado apoiado pelos Estados Unidos e por Israel, na Faixa de Gaza. Segundo autoridades locais e médicos, as vítimas estavam no meio de uma multidão que tentava receber os suprimentos entregues pela GHF.
O Exército de Israel afirmou que suas tropas abriram fogo em resposta a “ameaças” que se aproximavam da zona militarizada no Corredor de Netzarim. Desde o início da operação da GHF, há cerca de duas semanas, pelo menos 163 pessoas foram mortas e mais de mil ficaram feridas tentando acessar os poucos centros de distribuição ainda ativos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
As Nações Unidas, que mantêm operações paralelas de ajuda na região, e outras organizações humanitárias não apoiam o grupo privado. A ONU também critica o bloqueio israelense à ajuda humanitária e afirma que o sistema atual é insuficiente frente à altíssima demanda, levando civis a se arriscarem em zonas perigosas. Israel e Estados Unidos, por sua vez, defendem a GHF como forma de impedir que a ajuda caia nas mãos do Hamas.
Apesar dos esforços, os alimentos distribuídos pela GHF são, em sua maioria, produtos secos que exigem preparo com equipamentos de cozinha e infraestrutura inexistente em diversas regiões devastadas da Faixa de Gaza.
Israel retomou as entregas de ajuda a Gaza em 19 de maio, após uma pausa de quase dois meses. Desde então, 1.459 caminhões cruzaram a fronteira, muitos deles direcionados aos centros da GHF. Parte da carga, no entanto, ainda aguarda coleta no lado palestino da passagem de Kerem Shalom, onde foi inspecionada por autoridades israelenses antes de entrar em Gaza. A lentidão no processo tem contribuído para a formação de multidões descontroladas.
Desde o início da guerra, em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 israelenses e deixou 251 reféns, mais de 55 mil palestinos foram mortos ou estão desaparecidos, segundo o Ministério da Saúde local. Israel afirma ter eliminado cerca de 20 mil combatentes até janeiro e responsabiliza o Hamas por usar civis como escudos humanos.
A população da Faixa de Gaza, composta por 2,3 milhões de pessoas antes da guerra, está em “risco crítico” de fome e enfrenta “níveis extremos de insegurança alimentar”, apontou um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiada por agências das Nações Unidas, grupos de ajuda e governos.
O documento indicou que o cessar-fogo, que durou de janeiro a março, “levou a um alívio temporário” em Gaza, mas as novas hostilidades israelenses “reverteram” as melhorias. Cerca de 1,95 milhão de pessoas, ou 93% da população de Gaza, vivem níveis de insegurança alimentar aguda. Desse número, mais de 244 mil enfrentam graus “catastróficos”. A fome generalizada, segundo a pesquisa, é “cada vez mais provável” no território. No momento, meio milhão de palestinos, um em cada cinco, estão famintos em Gaza.
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