Maria teve dificuldades no parto e pediu para que a criança nascesse bem, em troca faria um terço todo ano

Uma promessa de Maria Alexandrina de Camargo virou tradição na família de Getúlio Serafim Ribeiro, de 83 anos. Há quase 100 anos, a bisavó dele pedia ajuda do Divino Espírito Santo para conseguir ter o primeiro filho. Debaixo de um pé de manga, ela rezou e prometeu que, se o bebê nascesse com saúde, ela faria um terço com os parentes todos os anos em homenagem ao Divino. Maria se foi, mas a tradição ficou. Este ano foi a 96ª edição do encontro que aconteceu para honrar a promessa.
Getúlio conta que a bisavó morava em Jaraguari quando fez a promessa. “Minha vó começou isso porque teve um problema de parto. Ela estava debaixo de um pé de manga tentando ter a criança e não conseguia”.
Ele é um dos mais antigos da família, mas já não lembra com exatidão aquele tempo. Por isso, quem explica melhor a história é o tataraneto de Maria, Lucas Afonso Domingues . Ele ressalta que até a bandeira foi feita pela tataravó e que com o tempo foi preciso fazer mais uma.
Ao todo são 200 pessoas envolvidas, mas este ano compareceram em média 70 ao terço. No ano que vem, a tradição será em Bandeirantes. Segundo Lucas, a organização é de responsabilidade de um grupo familiar; neste ano, coube ao dele.


“Minha tataravó cumpriu a promessa até o fim da vida dela. O intuito é a união da família e seguir a fé em cada oração. A gente reza para o Divino Espírito Santo no mês de Pentecostes, quando o Espírito desce sobre a terra na religião católica.”
Lucas já perdeu as contas de quantas vezes participou do terço. Para ele, a sensação de estar seguindo algo iniciado há tantos anos é gratificante. Ele comenta que, se depender dele, essa herança não se perderá com o tempo.
“Quando era pequeno, eu não entendia muito bem, mas adorava porque encontrava primos para brincar; era um dia de diversão em família para mim. Aos 11 anos, tornei-me católico e comecei a entender melhor o que era o terço”, comenta.


Ele explica que o momento é uma oportunidade de celebrar a vida familiar e amar uns aos outros em vida. Além de cumprir a promessa feita ao Divino, é a ocasião de atualizar os familiares sobre os acontecimentos bons.
“A tendência é cada um seguir seu caminho e só ficar sabendo das notícias de um primo ou de uma tia pelas redes sociais ou, no pior caso, encontrarmos apenas no velório de algum familiar. Então, como diz na música de Rodrigo Ferreira, ‘Só temos hoje para amar’. Com a ajuda dessa tradição, pelo menos uma vez por ano a família se encontra para celebrar a vida, a saúde, pedir por aqueles que precisam e sempre demonstrar nosso amor em vida.”

Para quem não conhece ou está por fora da fé católica, o Divino Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, ou seja, a terceira pessoa de Deus, que ajuda e consola quem crê.
Ele dá presentes espirituais que fortalecem a fé, guia a comunidade cristã e inspira as pessoas a amar o próximo. Nas festas de Pentecostes, se celebra essa presença com procissões, coroações e partilhas, mostrando união e solidariedade. A época acontece em junho.
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