Os consórcios de três gigantes globais do petróleo arremataram 19 dos 47 blocos exploratórios de petróleo e gás ofertados na Bacia da Foz do Amazonas em leilão de concessão realizado pela reguladora ANP nesta terça-feira. O bônus de assinatura total somou R$ 844 milhões.
O consócio liderado pela Petrobras arrematou cinco blocos. Outro encabeçado pela americana ExxonMobil levou outros cinco blocos. Já as parcerias da petroleira dos EUA Chevron adquiriram nove blocos.
A Foz do Amazonas é considerada a mais promissora bacia para a abertura de uma nova fronteira exploratória no Brasil, com grande potencial para novas descobertas, mas com uma série de desafios socioambientais. A área faz parte da chamada Margem Equatorial, que pode sustentar um novo ciclo de crescimento para a exploração de óleo e gás no país, com potencial semelhante ao do pré-sal.
Ao todo, 12 empresas apresentaram declarações de interesse e garantias de oferta para os setores em oferta. Além disso, 31 empresas estavam aptas a apresentar ofertas na sessão pública, incluindo Petrobras, Exxon Mobil, Shell, BP e TotalEnergies.
O leilão, sob modelo de concessão, ofertou áreas nas bacias marítimas de Foz do Rio Amazonas, Santos, Pelotas e Potiguar, além da bacia terrestre de Parecis.
Atração geopolítica
O leilão de blocos exploratórios de petróleo no Brasil ocorrido nesta terça-feira tornou-se ainda mais atrativo após o conflito mais recente entre Israel e Irã lembrar investidores que o setor tem no país da América do Sul um ambiente seguro para negócios, disse o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) à Reuters.
Roberto Ardenghy explicou que além de elevar os preços do petróleo às vésperas do certame, a escalada dos conflitos no Oriente Médio ocorre enquanto o Brasil tem se mostrado um país bastante estável, no cumprimento aos contratos, e se colocado como uma boa alternativa como supridor do mercado global.
O leilão, organizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), prevê a oferta de 172 novos blocos para exploração de petróleo e gás para uma indústria brasileira ávida por novas reservas, uma vez que já projeta o pico da curva de produção para o início da próxima década.
“Há uma natural tendência de que o leilão seja bem-sucedido por essa questão também, de que nós estamos longe daquela confusão (do Oriente Médio), somos uma região que tem petróleo”, afirmou Ardenghy, pontuando que a situação naquela região não deve se resolver a curto prazo.
Longe do caos do Oriente Médio
Segundo ele, o posicionamento geográfico do Brasil permite ainda o acesso a diversos mercados importantes.
“Você vê que saindo um petroleiro daqui do Brasil, ele pode ir para a Ásia, ele pode ir para a Europa, ele pode ir para os Estados Unidos, sem nenhum problema, sem nenhuma restrição, não é como no Estreito de Ormuz, com o qual está todo mundo preocupado”, adicionou.
Ardenghy ressaltou que o cenário no Oriente Médio também mostra a importância de um país como o Brasil ter independência e segurança energética, já que em sua avaliação o petróleo permanecerá sendo importante, apesar do cenário de transição energética.
“Nós precisamos urgente identificar novas reservas. A partir da oferta do leilão, a gente levaria de 11 a 12 anos para começar a produzir petróleo (considerando fazer) a descoberta, depois fazer toda a instalação do equipamento, começar a produzir. E o Brasil hoje tem uma independência, uma relação reserva-produção de 14 anos”, afirmou.
“Então, uma matemática de padaria já mostra que esse leilão e os outros que a ANP está planejando são muito importantes.”
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