Nos últimos 18 meses de sua vida, o papa Francisco ligou quase todas as noites para a Igreja da Sagrada Família, a única paróquia católica na Faixa de Gaza, para acompanhar a situação da pequena comunidade cristã durante a guerra entre Israel e Hamas.
As ligações, que aconteciam pontualmente às 20h, faziam parte da rotina do pontífice. “Eles me contam sobre o que acontece lá. É muito difícil, muito difícil”, disse Francisco em uma entrevista à 60 Minutes em maio de 2024. “Eu escuto… e eles me dizem coisas. Há muito sofrimento.”
O padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família na Faixa de Gaza, contou em uma entrevista à CBC News na segunda-feira que as crianças da igreja corriam para ouvir as ligações do papa todas as noites.
“Perdemos um santo que nos ensinou todos os dias como ser corajosos, como ser paciente e permanecer forte. Perdemos um homem que lutava todos os dias em todas as direções para proteger esse pequeno remano dele”, disse George Antone, chefe do comitê de emergência da igreja da Sagrada Família em Gaza, à Reuters. “Estamos de coração partido por causa da morte do Papa Francisco, mas sabemos que ele está deixando para trás uma igreja que cuida de nós e que nos conhece pelo nome – cada um de nós. Ele costumava dizer a cada um: estou com você, não tenha medo.”
O papa faleceu na segunda-feira 21 após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido de uma insuficiência cardíaca irreversível. Ele estava em sua residência no momento.
Apelo por cessar-fogo
Francisco há muito tempo expressa preocupação com a guerra que já matou mais de 51 mil palestinos, principalmente mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Em sua última mensagem pública, no domingo de Páscoa, o pontífice voltou a pedir um cessar-fogo em Gaza, condenou a “deplorável situação humanitária” e expressou sua “proximidade com os sofrimentos dos cristãos na Palestina e em Israel e com todo o povo israelense e o povo palestino”.
“Penso no povo de Gaza e em sua comunidade cristã em particular, onde o terrível conflito continua a causar morte e destruição e a criar uma situação humanitária dramática e deplorável”, disse o papa.
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