Setor de serviços técnicos especializados liderou crescimento do setor de serviços em 2024

Nos últimos dez anos, Mato Grosso do Sul viu o mercado de trabalho se transformar. Se antes o peso da economia do Estado recaía sobre a pecuária e o setor público, hoje cresce a presença de profissões ligadas à tecnologia, serviços digitais e energias renováveis.
O mercado de trabalho de Mato Grosso do Sul passou por transformações significativas na última década. Setores como tecnologia, serviços digitais e energias renováveis ganharam destaque, impulsionando o crescimento do emprego formal no estado. Dados do Caged revelam um aumento de 35% no número de trabalhadores com carteira assinada entre 2012 e 2023, totalizando cerca de 1,43 milhão. Serviços de engenharia, geologia e cartografia lideraram a geração de empregos em 2024. O setor de energia limpa, com a instalação de usinas solares, também contribuiu para a criação de novas vagas, principalmente em instalação e manutenção. Apesar do crescimento de novas áreas, o agronegócio tradicional continua sendo um importante empregador, com aproximadamente 139 mil trabalhadores formais em 2023. A construção civil apresentou crescimento expressivo, mas com variações ao longo dos anos. O comércio manteve-se estável como gerador de empregos.
É o que mostram os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), de 2012 a 2024, analisados pelo Campo Grande News.
Segundo os números, o total de trabalhadores com carteira assinada subiu de 1,06 milhão em 2012 para cerca de 1,43 milhão em 2023 — crescimento de 35%.
Os setores que mais se expandiram foram os de alojamento e alimentação (aumento de 77%), informação, comunicação e atividades administrativas (alta de 73%) e construção civil (crescimento de 55%).
A movimentação aponta para um novo perfil do trabalhador sul-mato-grossense, mais conectado às demandas da chamada “nova economia”.
A chegada de aplicativos de entrega e transporte, por exemplo, impulsionou empregos indiretos ligados ao setor de serviços e logística. Já o avanço do agro digital — com sensores, drones e inteligência artificial no campo — criou espaço para técnicos e analistas especializados.
Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostra que o setor de serviços técnicos especializados — em especial, os ligados à engenharia, geologia e cartografia — liderou a geração de empregos em 2024 no segmento de serviços.
Entre os destaques está a categoria “Serviços de Engenharia”, que gerou 1.402 novos postos de trabalho, com mais de 6 mil admissões e saldo positivo de 35,11% no estoque mensal. A celulose veio para aquecer ainda mais esse cenário, com exigência de profissionais de diferentes áreas.
Estudos Geológicos, por exemplo, servem na identificação e exploração de recursos naturais, como as florestas plantadas (eucalipto, pinus) que fornecem a matéria-prima para a produção de celulose. Só entre esses profissionais, o crescimento foi de 1.538,46%, com 400 novas vagas.
Também chamam atenção as áreas de cartografia e geodésia, que também são relacionadas a exploração e manejo, com aumento de 24,01%, e serviços periciais de segurança, com alta de 14,93%.
Esse movimento indica não só uma maior demanda por profissionais qualificados em áreas técnicas e científicas, mas também um redirecionamento das matrizes econômicas do Estado — que antes concentravam-se no agronegócio e no comércio — para serviços de valor agregado e base tecnológica.
Crescimento do mercado solar — Outro setor que puxa o crescimento é o da energia limpa. A instalação de usinas solares em cidades como Campo Grande, Dourados e Três Lagoas gerou centenas de empregos nos últimos anos, principalmente na área de instalação e manutenção, ainda que muitos sejam informais.
O engenheiro eletricista Gabriel Correia afirma que a geração solar fotovoltaica aumentou consideravelmente em diversas regiões brasileiras, inclusive em Mato Grosso do Sul. “Não só a Capital e as grandes cidades, mas todo o interior tem tido um aumento nas casas e comércio com paineis solares.”
“Isso se dá pela alta incidência de radiação solar, uma das mais altas do País, garantindo a produção de energia desse tipo. Nos últimos anos, o custo de se colocar um sistema FV [fotovoltaico] diminuiu, o que impacta diretamente na conta de energia, visto que o retorno do investimento caiu.”
Ele comenta que a lei federal 14.300, de 2022, “regulou o sistema de compensação de energia, facilitando o financiamento, garantindo autonomia e previsibilidade na conta de energia com um sistema solar instalado”, o que motiva que haja cada vez mais pessoas trabalhando nesta área.
“Além de casas e comércio, o setor da agropecuária se beneficia também, porque fazendas têm implantado energia solar, por possuir espaço, dinheiro e Sol. Dessa forma, há uma busca por profissionais da construção civil, qualificados para a instalar esses sistemas, como engenheiros, técnicos, eletricistas.”
Outros mercados — O setor agropecuário tradicional segue como um dos maiores empregadores do Estado, com cerca de 139 mil trabalhadores formais em 2023, mas seu crescimento foi mais modesto: 16% em relação a 2012, segundo o IBGE.
Já áreas como comércio e administração pública mantiveram estabilidade, enquanto os serviços domésticos e os chamados “outros serviços” apresentaram leve retração, impactados por crises e pela informalidade.
Dados do Novo Caged revelam que, entre 2020 e 2025, o setor de serviços liderou de forma constante a geração de empregos formais.
Em 2020, ano de pandemia, o saldo foi negativo (-1.021), mas a recuperação foi rápida: em 2021, o setor abriu 14.747 novas vagas e manteve números positivos até 2025, ano em que gerou 3.661 empregos líquidos. O estoque de trabalhadores no setor passou de 215.652 em 2020 para 264.954 em 2025 — um aumento de 22,9%. No total, foram 47.536 novas vagas formais acumuladas.
A indústria também apresentou crescimento consistente, com saldo positivo em todos os anos. O estoque de empregos cresceu de 109.668 para 131.079, um avanço de 19,5%. No acumulado, o setor gerou 26.950 novos postos de trabalho, indicando a ampliação da produção local — possivelmente em setores como transformação alimentar, biocombustíveis e produtos químicos ligados ao agro.
Os dados também indicam que a construção civil tem sido um setor mais volátil. Em 2020, havia estoque de 21.722 trabalhadores, que chegou a 30.052 em 2025, um crescimento de 38,4% — o maior percentual entre todos os setores, mesmo com quedas pontuais, como o saldo negativo em 2024 (-5.203). No acumulado, criou 13.817 vagas, muito provavelmente impulsionada por obras públicas e expansão urbana.
O comércio, tradicional empregador urbano, seguiu com crescimento estável. Em 2020, o estoque era de 126.306 trabalhadores e subiu para 155.708 em 2025, avanço de 23,3%. O saldo acumulado no período foi de 35.860 novos empregos.
More Stories
PRF apreende R$ 300 mil em cabelo humano do Paraguai em rodovia de SP
MS lança cartilha para inclusão LGBT no mercado de trabalho neste 1º de maio
PRF faz blitz contra exploração sexual infantil neste 1º de maio na BR-163