A juíza boliviana Lilian Moreno, que na semana passada anulou um mandado de prisão contra o ex-presidente Evo Morales em um caso relacionado ao abuso de uma menor durante seu mandato, foi detida pela polícia da Bolívia na manhã desta segunda-feira, 5, segundo informações da imprensa local.
Moreno foi presa na cidade de Santa Cruz de la Sierra por ordem de Fernando Espinoza, promotor especializado em combate à corrupção, lavagem de dinheiro e crimes fiscais e aduaneiros da cidade de La Paz. Acredita-se que a juíza tenha sido transferida para o Aeroporto Viru Viru, de onde embarcará em um voo para La Paz para uma audiência preliminar, de acordo com a Unitel.
Embora a decisão da juíza tenha sido anulada por um juiz em La Paz e as acusações contra o ex-presidente tenham sido restabelecidas, Moreno enfrenta investigações disciplinares e processo por má conduta e desobediência às resoluções constitucionais.
“Um processo criminal foi aberto em La Paz e um processo disciplinar em Sucre. Inicialmente, foi aberto por improbidade administrativa e, nas últimas horas, foi ampliado para incluir o crime de desobediência a resoluções constitucionais”, informou o Ministro da Justiça, César Siles, em entrevista ao canal estatal no domingo.
Morales está há mais de 200 dias sem sair de seu reduto político, em Chapare, por risco de ser capturado pela polícia. Em janeiro, a Justiça da Bolívia emitiu um mandado de prisão contra o ex-presidente, após o político não comparecer ao tribunal para responder às acusações de violência sexual contra uma menor de idade e tráfico de pessoas.
Na audiência, que durou mais de quatro horas no Tribunal Departamental de Justiça de Tarija, o juiz Nelson Rocabado decidiu também congelar as contas e registrar os bens de Morales, que governou a Bolívia de 2006 a 2019. Ao final, a defesa do ex-presidente anunciou que entraria com pedido de liberdade.
O caso foi divulgado ano passado pelo ministro da Justiça da Bolívia, César Siles, um dos membros de confiança do gabinete do presidente Luis Arce, ex-aliado de Morales. O ex-presidente é investigado pelos crimes de tráfico de pessoas e estupro de vulnerável. Segundo documentação do Ministério Público, o ex-presidente teve uma filha com uma adolescente em 2016, que foi registrada dois anos depois em um cartório de registro civil na cidade de Yacuiba, na fronteira com a Argentina, e cuja certidão de nascimento constituiria prova de o crime. A vítima tinha 15 anos e ele 57 quando a suposta gravidez ocorreu.
Os pais da suposta vítima também estão envolvidos neste julgamento e são acusados de terem agido com cumplicidade e obtido favores políticos por meio dos laços da filha com o então presidente. O pai da jovem está preso preventivamente e sua mãe foi declarada em rebelião após não comparecer à audiência para a qual foi convocada na terça-feira.
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