10 de maio de 2025

Fundação de Bill Gates vai doar US$ 200 bilhões em 20 anos; bilionário acusa Elon Musk pelo aumento na mortalidade infantil

A Fundação Gates planeja doar US$ 200 bilhões nos próximos 20 anos antes de encerrar completamente suas atividades em 2045 — um novo prazo para o que é considerada uma das maiores e mais influentes instituições filantrópicas da história.

Esse valor representa o dobro do que a Fundação Gates já destinou desde sua criação em 2000 por Bill Gates e Melinda French Gates, quando ainda eram casados. Até agora, mais de US$ 100 bilhões já foram distribuídos. Inicialmente, o plano era que a fundação fosse encerrada 20 anos após a morte do cofundador da Microsoft.

“Decidi devolver meu dinheiro à sociedade muito mais rápido do que havia planejado originalmente”, escreveu Gates, de 69 anos, em um comunicado. O CEO da fundação, Mark Suzman, afirmou em uma teleconferência com jornalistas que essa doação representará aproximadamente 99% da fortuna restante de Gates.

Quinta pessoa mais rica do mundo

Bill Gates é atualmente a quinta pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 168 bilhões, segundo o índice de bilionários da Bloomberg.

Desde sua criação até 2024, ele e Melinda French Gates já doaram US$ 60,2 bilhões à Fundação Gates.

Doações

A Fundação Gates distribui bilhões de dólares por ano para causas em todo o mundo — principalmente nas áreas de saúde, desenvolvimento global e educação.

Em comunicado divulgado na quinta-feira (8), a instituição afirmou que já ajudou a salvar 82 milhões de vidas, graças ao aumento do acesso a vacinas em países de baixa renda e ao financiamento global no combate à Aids, tuberculose e malária.

Nos próximos 20 anos, a fundação — que conta com mais de 2.000 funcionários — pretende concentrar seus esforços em acabar com mortes evitáveis no parto, eliminar doenças infecciosas letais e tirar pessoas da pobreza, segundo o mesmo comunicado.

Em uma entrevista com jornalistas, o CEO Mark Suzman acrescentou que a fundação também atuará para melhorar a educação nos Estados Unidos e enfrentar problemas relacionados às mudanças climáticas, como o desenvolvimento de cultivos mais resistentes à seca.

Elon Musk

Suzman afirmou que a Fundação Gates tem atuado em defesa de suas prioridades em Washington, em um momento em que o governo do presidente Donald Trump, junto com o Departamento de Eficiência Governamental liderado por Elon Musk, cortou drasticamente o apoio dos EUA a iniciativas globais de saúde. Em janeiro, o governo suspendeu abruptamente o financiamento à Organização Mundial da Saúde (OMS), à Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e ao PEPFAR (programa de combate à Aids). Sem os recursos americanos, organizações como a OMS estão sendo forçadas a fazer cortes profundos em programas e equipes.

“Não há dúvida de que os cortes na USAID, promovidos por Elon Musk, causaram um aumento dramático na mortalidade infantil”, disse Bill Gates em entrevista à Bloomberg TV. “Crianças que teriam sido protegidas contra o HIV durante o parto, agora estão desamparadas — o financiamento foi cortado.”

Outros países também reduziram seus orçamentos de ajuda global. Suzman disse que a fundação está tentando convencer o governo do Reino Unido, que cortou sua assistência externa em 40%, a manter os repasses ao Gavi, parceria internacional público-privada voltada à vacinação infantil.

Divórcio e Warren Buffett

Com um patrimônio de US$ 77 bilhões, a fundação passou por mudanças significativas desde o anúncio do divórcio de Gates e Melinda French Gates, em 2021. Na época, os únicos membros do conselho eram o casal e o bilionário Warren Buffett, que já havia doado mais de US$ 43 bilhões de sua fortuna à instituição.

Buffett deixou o conselho em 2021 e, no ano passado, anunciou que destinará a maior parte de sua herança aos filhos, para que invistam em suas próprias iniciativas filantrópicas. Segundo ele, nenhum valor será repassado à Fundação Gates após sua morte.

Conselho da Fundação Gates

Em 2022, a Fundação Gates passou a ter, pela primeira vez, membros externos no conselho de curadores. Entre os novos nomes estão Strive Masiyiwa, bilionário do Zimbábue; Thomas Tierney, cofundador do Bridgespan Group, uma das consultorias mais influentes do setor filantrópico; e Minouche Shafik, ex-dirigente do Banco Mundial e ex-presidente da London School of Economics. O CEO Mark Suzman também entrou para o conselho nesse período.

Poucos meses depois da reestruturação, Bill Gates doou US$ 20 bilhões à fundação e anunciou planos para acelerar em 50% o ritmo das doações anuais, chegando a US$ 9 bilhões por ano até 2026. Com a nova meta de doar US$ 200 bilhões até 2045, o valor médio anual deverá subir para US$ 10 bilhões.

Segundo Benjamin Soskis, pesquisador sênior do Urban Institute, a Fundação Gates sempre foi influente “não apenas pelo volume de recursos que distribui, mas como um modelo para outros bilionários filantropos”. Ele avalia que essa nova abordagem pode inspirar mais doadores a tirarem recursos “parados” e colocá-los em circulação. Soskis, vale notar, já recebeu apoio financeiro da própria fundação.

Melinda fora da fundação

No ano passado, Melinda French Gates também se desligou da fundação, renunciando ao cargo de copresidente. Levou US$ 12,5 bilhões para investir em suas próprias iniciativas filantrópicas.

Ela fundou a Pivotal Ventures em 2015, uma organização que usa doações e capital de risco para empoderar mulheres, incentivando, por exemplo, a entrada feminina no setor de tecnologia e a participação em cargos públicos, além de defender políticas como a licença remunerada para cuidadores. A Pivotal já investiu centenas de milhões de dólares em mais de 150 organizações.

Nos últimos anos, com a ascensão de novos filantropos bilionários, a Fundação Gates passou a ser mais questionada por sua burocracia.

Um exemplo de abordagem ágil é MacKenzie Scott, ex-esposa do fundador da Amazon, Jeff Bezos. Desde que começou a doar, em 2020, com o apoio de uma equipe enxuta, ela já repassou US$ 19,3 bilhões a mais de 2.450 organizações, muitas delas pequenas e ignoradas pelas grandes fundações.

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